terça-feira, 29 de maio de 2018

Estudo controverso alega que golfinhos são "felizes" em cativeiro

Li com certa surpresa a seguinte reportagem no site de notícias britânico Daily OnLine hoje pela manhã, "A “felicidade” dos golfinhos é medida pela primeira vez: Estudo revela que os mamíferos marinhos ficam ainda mais satisfeitos quando interagem com humanos", e nem preciso registrar que de imediato questionei o método de avaliação utilizado, bem como os parâmetros adotados e obviamente os resultados. Tentei entrar em contato com a Neurocientista e Especialista em comportamento e inteligência animal Lori Marino (já citada no blog algumas vezes), mas nem foi necessário, pois sua opinião já estava em sua página no Facebook. Portanto, dado seu conhecimento e experiência, prefiro aqui deixar os comentários dela com sua conclusão sobre os equívocos deste estudo, já que mais que conferem o posicionamento do blog.

Abaixo, segue a notícia traduzida e a opinião da Especialista:

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A “felicidade” dos golfinhos é medida pela primeira vez: Estudo revela que os mamíferos marinhos ficam ainda mais satisfeitos quando interagem com humanos

Pesquisadores franceses queriam descobrir como a vida em cativeiro era "do ponto de vista dos animais" e os resultados de seus estudos sugerem que os golfinhos nascidos em cativeiro são "muito mais felizes" quando estão em um tanque, particularmente quando estão interagindo com humanos. O estudo, no entanto, revelou-se controverso entre aqueles que acreditam golfinhos devem viver somente na natureza.
O estudo, publicado na revista Applied Animal Behavior Science, foi liderado pela Dra. Clegg, da Universidade de Paris. Ela observou o comportamento de golfinhos por três anos no Parc Astérix, parque temático com um dos maiores delfinários da França, e tentou entender melhor seus sentimentos observando a postura dos animais. "Queríamos descobrir que atividades em cativeiro eles mais gostavam", disse ela à BBC.
A Dra. Clegg testou três atividades: um treinador vindo e brincando com golfinhos, ele colocando brinquedos no tanque e ele apenas deixando brinquedos para eles brincarem sozinhos. "Descobrimos algo realmente interessante: todos os golfinhos ficam ansiosos para interagir com pessoas conhecidas", disse Clegg. Os animais mostraram isso por meio de um movimento conhecido como 'spyhopping', que é quando eles olham acima da superfície na direção da qual os treinadores geralmente chegam. Os golfinhos também ficavam mais agitados e nadavam mais próximo à da borda do tanque.


"Acho que os golfinhos selvagens são mais felizes na natureza, e os nascidos em cativeiro são muito mais felizes em cativeiro", disse Birgitta Mercera, Diretora do Parc Astérix.
Susanne Schultz, da Universidade de Manchester, que estudou o comportamento social de mamíferos marinhos selvagens, disse à BBC que o estudo não pode revelar "se um golfinho em cativeiro é mais feliz do que seria se estivesse na natureza".
A RSPCA defende essa visão: "Estudos mostraram que os golfinhos em cativeiro podem sofrer estresse, resultando em perda de apetite, úlceras e aumento da suscetibilidade a doenças devido a mudanças em seu agrupamento social, competição por recursos e estruturas sociais instáveis".
“O agrupamento social tem sido reconhecido como uma das questões mais importantes que afetam a saúde e o bem-estar dos cetáceos de cativeiro.
Embora em muitos casos se esforcem para imitar no cativeiro a natureza dos agrupamentos sociais, é impossível prever as diferentes e complexas interações que ocorrem no oceano devido ao número de indivíduos mantidos em tanques e às restrições do ambiente físico."



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Opinião Lori Marino:

Este artigo não trata da "felicidade" dos golfinhos, pois descreve simplesmente mudanças no comportamento antecipatório sob algumas circunstâncias diferentes encontradas em cativeiro.
Os autores descobriram que os golfinhos ficam ansiosos antes de receberem brinquedos ou antes de sessões interativas com um treinador e concluem que “interações humanas mesmo quando não são alimentados têm um papel importante na vida desses animais”. Mas o que eles realmente mostraram é que dentro dos limites muito restritos de um cativeiro, os golfinhos podem achar gratificante brincar com brinquedos e treinadores. Os resultados não dizem nada sobre se os golfinhos prefeririam essas condições se tivessem uma escolha entre o cativeiro e viver uma vida natural na natureza.





quarta-feira, 23 de maio de 2018

Amantes das baleias encontram um paraíso em Boston

A uma hora em barco de Boston, os amantes das baleias podem ver claramente estes grandes mamíferos em uma vasta zona de bancos de areia.
A reserva marítima nacional americana de Stellwagen é um dos melhores lugares do mundo para observar os famosos cetáceos, principalmente as baleias-jubarte, mas também as baleias-comuns, as baleias-de-minke e as baleias-sei.
As baleias-jubarte são as mais populares, reconhecíveis por suas caudas que lhes fornecem uma propulsão espetacular e lhes renderam também o apelido de “baleias acrobatas”.
Nesta temporada pode-se ver estes mamíferos de uma dúzia de metros de comprimento, dos quais há entre 1.500 e 2.000 indivíduos no Atlântico Norte, caçando enguias em grupo.


Duas ou três baleias-jubarte trabalham juntas, cercando um cardume de enguias, enquanto uma delas mergulha até o fundo para soprar bolhas.
As enguias ficam com medo e cerram fileiras, e outra baleia aproveita para abocanhar estes pequenos peixes.
As enguias que escapam são capturadas por gaivotas, que se empoleiram em cima das baleias, prontas para emboscar.
Também há baleias-sei, mais compridas e finas que as jubarte, mas não menos espetaculares.
Cerca de 30 exemplares desta espécie ameaçada foram vistos em abril, uma concentração muito rara perto das costas, indicou Tony LaCasse, porta-voz do aquário de Nova Inglaterra.
Normalmente, vemos dez ou mais nesta temporada, onde os copépodes – crustáceos que abundam no plâncton marinho de que se alimentam – se encontram em grande concentração nas águas de Cape Cod.
Só os sortudos poderão ver a baleia-franca, que pode pesar até 70 toneladas: uma espécie quase exterminada pela caça de baleias no início do século XX, da que restam apenas 430 indivíduos no Atlântico Norte, segundo LaCasse.



Fonte: Isto É de 18 de maio de 2018.



segunda-feira, 14 de maio de 2018

Orcas aparecem "na cidade dos Goonies"

Orcas foram vistas no estuário do rio Colúmbia, na cidade de Astoria, em Oregon, nos EUA, pela primeira vez semana passada, de acordo com funcionários da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) dos Estados Unidos.
O Biólogo da NOAA, Brad Hanson, disse que "várias pessoas" têm visto Orcas por ali ultimamente. Não é comum entrarem no estuário, pois normalmente ficam no porto, mas acreditam que isso esteja ocorrendo devido a um aumento nesta população de Orcas, as Transeuntes. Estas, que se alimentam de focas e leões marinhos, podem estar explorando novas áreas para caça.
A população local está entusiasmada com os avistamentos até porque esperam que elas auxiliem no controle da quantidade de leões-marinhos que é grande dentro do estuário e que, por sua vez, estão acabando com o salmão e outros peixes na região. "Eu gostaria que houvesse muito mais Orcas", disse Duffy Duncan, morador de Astoria. "Pois há pelo menos três mil leões-marinhos à leste da baía".



Existem aproximadamente 350 Orcas Transeuntes na costa oeste norte americana, de acordo com a rede de notícias Koin 6 News.
Para quem se lembra do filme que marcou geração na década de 1980, Astoria é a cidade em que o filme “Goonies” foi gravado. Hoje recebe visitantes do mundo todo atrás de uma visita à famosa casa cenário do filme e aos demais locais de gravação. Com as Orcas aparecendo cada vez mais, há ainda mais este motivo para visitar o local, não?



domingo, 13 de maio de 2018

Mãe Leoa ou Mãe Orca?

Ao contrário de outras espécies do Reino Animal, as Orcas fêmeas são dominantes em sua estrutura social. Elas lideram os pods com maestria e inteligência nos deslocamentos, na caça, na orientação e na proteção de todos os membros. Elas conseguem manter uma forte coesão e uma excelente comunicação, o que é tão essencial para todo o grupo. A prosperidade de um pod está diretamente ligada à liderança das incríveis matriarcas!
Os filhotes são disciplinados de forma enérgica e até são “repreendidos” quando se comportam de maneira inadequada. Elas batem a cauda na água, fazem movimentos fortes com a cabeça, emitem vocalizações incomuns com os dentes e fazem outros movimentos corporais intimidantes para demonstrar sua insatisfação quando necessário. Tudo para ensinar, proteger e prover o melhor que podem para seus filhotes. E dentre todas as relações entre os membros de um pod nenhuma é tão forte quando a de mãe e filho! Alguns deles, muitas vezes, jamais as deixam, mesmo que se afastem por alguns períodos para reprodução, acabam retornando. É pura união e amor!



Um Feliz Dia das Mães para muitas que, como eu, são verdadeiras Orcas quando se trata da imensa dedicação, amor e proteção de seus filhos!
Que Deus as abençoe sempre com muita força, luz e coragem nesta que, sem dúvida, é a tarefa mais sagrada, maravilhosa e intensa que viemos a Terra desenvolver!




sábado, 12 de maio de 2018

Bebê de Orca Transeunte é observado nos EUA

Filhote de poucos dias de vida é visto nas águas do noroeste do Pacífico!

Um grupo que fazia observação de baleias foi quem viu o bebê há poucos dias no Hood Canal, no estado de Washington, nos EUA. O pod de Orcas Transeuntes identificado como T65As contava com seis membros e era liderado pela matriarca que, desde 1986, já teve cinco filhotes. O bebê pareceu muito disposto e saudável.
Lembrando que essa subespécie de Orcas se alimenta de focas e leões marinhos e não de salmões como as Residentes do Norte e do Sul.
O pessoal que estava no barco de observação também contou que algumas das Orcas mais jovens pareciam liderar a caça.
Abaixo um lindo registro do bebê que aparenta plena força e forma:

Imagem de Bart Rulon (Puget Sound Express)


segunda-feira, 30 de abril de 2018

Apenas dois machos estão gerando filhotes nas Residentes do Sul

Uma análise genética das Orcas Residentes do Sul descobriu que mais da metade dos filhotes nascidos desde 1990 são de duas Orcas machos, J1, também chamado de Ruffles (já falecido), e L41, chamado de Mega. Com isso, a variedade genética dessa querida população de Orcas é bem menor do que se pensava, resultando em vários casos de endogamia: mãe e filho no pod J, pai e filha também no J, meio-irmãos nos pods K e L, e um tio e uma meia-sobrinha também nos pods K e L, todos gerando filhotes vivos.

"Mega", nesta linda imagem de Gary Sutton

Para dificultar este cenário, apenas 10 das 27 fêmeas em idade reprodutiva estão se reproduzindo, e pior, o intervalo de partos dobrou em alguns casos, aumentando de cinco para dez anos.
Com apenas 76 membros restantes, a endogamia na população é devastadora e apenas aumenta a magnitude das questões já citadas amplamente no blog como a poluição física e sonora, falta de alimentos, tráfego de embarcações (entre outros) que estão lentamente levando esta população cada vez mais perto da extinção.




quinta-feira, 26 de abril de 2018

São Paulo terá escultura de baleia em tamanho real

Uma escultura espelhada em formato de baleia, em tamanho real, passará a habitar a esquina da avenida Faria Lima com a rua Leopoldo Couto de Magalhães a partir de dezembro de 2019. 
O projeto faz parte de uma praça de oito mil metros quadrados assinada pelo paisagista norte-americano Tom Balsey, que será inaugurada como parte de uma torre comercial da FLPP (Faria Lima Prime Properties). 




"Assim como as baleias, São Paulo é gigante e precisa ser preservada e protegida. Como a baleia mítica de Jonas, São Paulo tem em seu ventre de caos a superação e vitória frente ao descaso, incompreensão e incompetência", afirma a empresa em seu site. 
A escultura é inspirada no Cloud Gate, a escultura em formato de feijão criada por Anish Kapoor que virou símbolo de Chicago, nos Estados Unidos.



Em julho desse ano, será enterrada no local uma cápsula do tempo com objetos da atualidade, cartas e mensagens escritas pela população para serem entregues aos seus destinatários a partir de 25 de janeiro de 2050.



Fonte: Jornal Destak de 23 de abril de 2018.


terça-feira, 24 de abril de 2018

Orcas são vistas em rio da Escócia

Um pequeno pod foi visto no Rio Clyde, na Escócia, aparentemente caçando focas ou botos.
Os que presenciaram a visita compartilharam aos montes vídeos e fotos nas redes sociais durante o final de semana. Eram cerca de seis animais transitando entre as cidades de Dunoon e Gourock. Lindsay Moss estava numa balsa no sábado e também conseguiu registrar o momento. Sua foto mostra quatro Orcas, dentre elas, um filhote:


Apesar de Orcas serem vistas com certa frequência em Arran, na enseada, há anos não eram observadas subindo o rio, de acordo com pesquisadores locais. Segundo eles, elas provavelmente estavam em busca de alimento.
No Reino Unido, como já mencionado outras vezes por aqui, há populações de Orcas de transitam nas regiões dos arquipélagos de Shetland e Orkney, também na Escócia.



segunda-feira, 23 de abril de 2018

Estudo explica por que as baleias são tão grandes

A necessidade de reter calor na água é o motivo pelo qual as baleias são tão grandes, mostra estudo publicado no "PNAS". Elas ainda poderiam ser maiores se não fosse a necessidade de conter o metabolismo para evitar uma perda de energia ainda maior.
O tamanho de mamíferos aquáticos é um assunto debatido há muito tempo na ciência e muitas hipóteses foram formuladas -- uma delas é que a possibilidade de flutuar na água exerceria pouca pressão sobre o corpo dos animais; e, com isso, eles se tornariam maiores.
O que a análise de 3859 espécies de mamíferos aquáticos e de 2998 fósseis mostrou, no entanto, é que o crescimento de mamíferos aquáticos têm a ver com a preservação da energia e a manutenção do calor - e não com diferenças na pressão sobre o tamanho.
"Quando você é um mamífero muito pequeno, você perde calor para a água muito rápido. Não há comida que mantenha a temperatura", diz Jonathan Paine, coautor do estudo e professor da Universidade de Stanford.
A análise dos fósseis mostrou ainda que embora alguns mamíferos tenham forma corporal similar, eles não estão intimamente relacionados.
Focas e leões-marinhos estão mais relacionados aos cães, enquanto os peixes-bois têm os elefantes como ancestrais. Já as baleias e os golfinhos, estão mais relacionados aos hipopótamos.
O estudo dos fósseis e das espécies vivas mostrou também que quando esses animais terrestres foram para a água, eles chegaram rapidamente a aproximadamente 500 kg.
Um outro ponto é que aqueles com ancestrais menores, como o cachorro, cresceram mais que aqueles com ancestrais maiores, como o hipopótamo.
De acordo com os autores, esse achado sugere que ser grande é uma vantagem na água, mas só até determinado ponto.
A partir da análise, pesquisadores chegaram a uma teoria termoreguladora que se soma ao conjunto de hipóteses que tenta explicar o tamanho das baleias.
"Sob esse modelo energético, verificamos que o custo da termorregulação aumenta o tamanho, enquanto limitações na eficiência da alimentação o contém", escreveram os autores.




Fonte: G1 de março de 2018.




domingo, 25 de março de 2018

Cientistas relatam infanticídio entre Orcas

Cientistas marinhos da Colúmbia Britânica, no Canadá, assistiram pela primeira vez uma Orca afogar um filhote da mesma espécie.
Os pesquisadores observaram o infanticídio ocorrido na costa nordeste da Ilha de Vancouver em 2 de dezembro de 2016 e publicaram o evento na revista Scientific Reports há poucos dias.
O ecologista Jared Towers se lembra de ter partido para observação com mais dois colegas ao captar sons bem atípicos de Orcas Transeuntes através dos hidrofones.

Imagem do filhote pouco antes do ataque (foto de Jared Towers)

Eles então localizaram as Orcas, identificaram-nas, fotografaram-nas e quando estavam partindo observaram uma movimentação forte na água, como se elas tivessem encontrado uma presa. “Foi aí que percebemos que o filhote, que era ainda bem pequeno, não estava emergindo." "Em seguida, o macho, que não tinha relação familiar com a mãe e o filhote, passou pelo nosso barco com o filhote preso na boca." "Ficamos muito assustados e intrigados", contou Jared.

Macho com o filhote na boca (foto de Gary Sutton)

O infanticídio não é novidade entre os mamíferos. Leões o praticam, assim como primatas e ursos, mas ainda não tinha sido observado entre Orcas.
Jared descreveu a cena angustiante como algo que jamais vai sair de sua mente, mas decidiram continuar observando devido à importância e significado do evento.
Durante os minutos que se seguiram, observaram a mãe do filhote e demais membros do pod perseguirem o macho, enquanto a mãe do macho tentava afastá-los. Houve mais movimentações enquanto o hidrofone captava sons frenético das baleias.
"A agitação acabou quando a mãe do filhote atingiu o macho tão fortemente que dava para ver a gordura balançando no corpo e o sangue espirrando no ar. Aquela foi a última pancada, e mesmo assim ele não soltou o filhote", lembrou Jared.

Fêmea atacando o macho para tentar proteger o filhote (foto de Gary Sutton)
Apesar de Orcas Transeuntes se alimentam de outros mamíferos, incluindo focas, leões-marinhos e jovens cetáceos de outras espécies, o macho adulto e sua mãe não se alimentaram do filhote.
Isso levou os cientistas a suspeitarem de que o macho, que tinha 32 anos, matou o filhote para poder acasalar com sua mãe.
"Sabemos que em muitos casos, mamíferos matam filhotes para forçar a fêmea a entra no período fértil mais rapidamente ", completou Jared.

Nota do Produtor do documentário "Blackfish", Tim Zimmermann, sobre o tema, que é extremamente válida para nossa reflexão: "Isso tem sido observado em golfinhos, especialmente em cativeiro, então não é surpresa que isso aconteça na natureza entre as Orcas. E embora seja horrível em algum sentido (como toda morte infantil é), muito do "horror" provavelmente se deve à imagem benigna que temos das Orcas graças principalmente à Shamu".

Orcas são fortes, predadoras, inteligentes e possuem, assim como os demais animais selvagens, um forte extinto de sobrevivência e de perpetuidade de seus genes, como seria o caso. Devemos respeitá-las e admirá-las por isso também.