Aqueles que amam os animais de verdade se opõem ao cativeiro, pois desejam que eles possam viver livres em seu habitat... Mas também porque nem sempre é seguro manter certos animais presos e ter que lidar diariamente com eles. Foram centenas de "acidentes" com Orcas em cativeiro nessas décadas... Resultando em quatro mortes e inúmeros feridos, como o agora famoso treinador, Ken Peters. Ken estava na água com Kasatka... Mas nem sempre é preciso estar na água para que algo "imprevisível" ocorra. Dawn Bracheau também não estava... E vejam um exemplo de como 1 segundo pode fazer a diferença e gerar um novo acidente:
A reação do treinador após a atitude da Orca, de se afastar e parar de dar o peixe, é um comportamento comum, adotado por eles parar demonstrar ao animal a insatisfação com a atitude inadequada. Em alguns casos, o treinador vira de costas para o animal por um período, para somente depois de alguns minutos voltar a alimentá-lo. Tudo indica que este tanque é no Japão. Por lá, encontra-se o parque Kamogawa Sea World que atualmente mantém duas Orcas (ambas nascidas em cativeiro): Lovey (fêmea, nascida em janeiro de 1998) e Earth (macho, nascido em outubro de 2008).
Esta semana foi divulgado um dos vídeos apresentados pelo OSHA (Occupational Safety and Health Administration – Administração de Saúde e Segurança do Trabalho) durante as audiências que exigiram medidas de proteção com relação ao trabalho desenvolvido pelos treinadores do parque marinho Sea World.
O vídeo que provoca "arrepios", conforme referido pelo juiz responsável pelo caso, Ken Welsch, mostra o ataque sofrido pelo treinador Ken Peters pela Orca Kasatka no parque de San Diego no dia 29 de novembro de 2006 durante a apresentação do show "Believe" e diante de um número pequeno de espectadores (cerca de 500 pessoas).
Naquele dia, Corky não pôde se apresentar porque se recuperava de um ferimento na cauda provocado por Kasatka, Orkid não estava fazendo apresentações com treinadores na água desde que também se envolveu num incidente com o treinador Brian Rokeach, restando Kasatka e Sumar para a performance.
No entanto, Kasatka estava agitada devido ao comportamento esquisito e eufórico de Kalia, sua filhote mais nova. Desde o início do "show" ambas emanaram diversas vocalizações... Kasatka do tanque principal e Kalia no de trás.
Inicialmente, tudo correu conforme o planejado, mas quando Ken pulou na água e se posicionou para que Kasatka o elevasse no ar, algo nitidamente deu errado. Logo, os treinadores que estavam no palco perceberam a demora no movimento: Kasatka estava mantendo Ken debaixo da água preso pelo pé!
Foram minutos de apreensão...
Kasatka girou e submergiu várias vezes impedindo que Ken se soltasse e respirasse. Em uma das vezes, ela o pressionou com o corpo no fundo do tanque e o manteve lá por mais de um minuto. O público foi retirado do estádio e outros treinadores tentaram inutilmente dar os sinais para que a Orca soltasse ou trouxesse Ken para a beirada do tanque. Mas ela garantiu durante todo o tempo que ele não alcançasse a beirada. Ken chegou a pedir aos outros treinadores que parassem de chamá-la porque isso só fazia com que ela apertasse seu pé com ainda mais força. Chegaram a jogar um equipamento com oxigênio que ele pudesse usar caso ela submergisse mais uma vez, mas ela não permitiu que ele o alcançasse.
Durante todo o ataque, Ken manteve a calma, da forma como foi treinado para fazer nessas situações. Mais tarde, ele relatou que antes de Kasatka agarrá-lo pelo pé, Kalia emitiu um forte sinal sonoro para ela...
Por fim, Kasatka o soltou e ele pôde nadar até a rede de proteção que havia sido jogada pelos outros treinadores, mas teve que sair da água imediatamente, pois a Orca atravessou a rede sem dificuldades para tentar alcança-lo novamente.
Ken pôde então ser atendido pela equipe médica. Ele teve que fazer uma cirurgia devido ao rompimento de um ligamento e ainda teve que levar pontos e se medicar por conta dos cortes provocados pelos dentes da Orca.
O vídeo, que não possui áudio, pode ser visto aqui:
A questão toda foi que Kasatka não indicou em nenhum momento que teria uma reação agressiva... Foi um comportamento totalmente imprevisível de acordo com a opinião dos treinadores presentes... Ou seja, é impossível saber quando algo assim pode acontecer. Motivo que fez o juiz decidir por impedir que os treinadores continuem tendo contato direto com as Orcas.
Apesar de Ken saber que aquele tipo comportamento apresentado por Kasatka não ser de seu feitio, ele nunca mais entrou na água com ela.
P.S.: Kasatka é uma Orca fêmea que vive no Sea World de San Diego, na Califórnia, EUA. Foi capturada na Islândia no dia 26 de outubro de 1978, com um ano de idade. Ela é a mãe de Takara (que com 19 anos - idade que deveria ter tido um ou dois filhotes, no máximo - se tornou avó), Nakai (primeiro filhote considerado resultado de inseminação artificial) e Kalia. Existem outros registros de agressividade de Kasatka contra treinadores.
Este vídeo amador com excelente imagem mostra Orcas tentando aplicar a técnica de criação de ondas para derrubar a foca (técnica mostrada no post anterior "Técnicas especiais de caça na Antártica" - link: http://v-pod-orcas.blogspot.com.br/2012/07/tecnicas-especiais-de-caca-na-antartica.html). Neste caso, elas não tiveram sucesso, mas o vídeo é interessante por registrar a reação das pessoas (hilárias em alguns momentos) ao assistirem a este momento tão incrível. Ao final, as Orcas ainda se aproximam do bote e é possível dar uma boa olhada nelas, apesar do perceptível e "trêmulo" nervosismo e emoção da pessoa que estava filmando. Não deixe de assistir:
No retorno de uma expedição com o National Geographic Endeavour pelo Círculo Polar Antártico, um grupo de cientistas pôde registrar uma das mais espetaculares técnicas de caça do mundo.
O Dr. Thomas G. Smith e a Dra. Ingrid Visser comentam a técnica aplicada pelas Orcas neste vídeo:
São Orcas do Tipo B que atuaram de forma complexa e organizada indicando ser um grupo de animais que vive junto há muito tempo: Elas criam uma onda para tentar deslocar a foca da placa de gelo. Isso já foi visto também quando estão ensinando aos mais jovens do grupo.
Dra. Ingrid Visser:
"Este tipo de Orca, a Tipo B, é encontradasomente aqui na Antártica. Elas são pretas e cinzas ao invés de pretas e brancas e se especializaram na caça de focas. Este grupo de fato aperfeiçoou a técnica. Elas colaboram entre si e caçam de modo coordenado."
"O comportamento coordenado que estamos assistindo envolve todo o grupo, até mesmo a pequena, que não está participando de fato da caça, mas está envolvida no processo de aprendizagem. Você pode ver a fêmea empurrando o bloco de gelo, girando-o... Por que ela está fazendo isso? Provavelmente, ela está posicionando-o melhor para que a onda que irão criar atinja perfeitamente o bloco e empurre a foca para fora."
Quando conseguiram empurrar a foca, foi possível vê-la na boca da fêmea maior. E de acordo com a Dra. Ingrid, a foca deve ter permanecido viva por umas duas horas enquanto as Orcas "brincavam" com ela.
O Dr. Thomas comenta ainda que, das 5 vezes que observou este tipo de comportamento, por duas vezes pareceu que ou a foca foi libertada ou conseguiu escapar, e uma das vezes, a foca foi jogada na água cinco vezes e não foi morta, parecendo que as Orcas estavam apenas praticando.
Autor de um grande Best seller do New York Times nos Estados Unidos, David Kirby está lançando hoje o livro “Death at SeaWorld” (Tradução livre: Morte no Sea World). O livro, que é um suspense científico inovador, expõe o lado negro do Sea World, o parque marinho mais amado nos EUA e mais conhecido no mundo.
O livro se concentra na batalha entre a indústria multimilionária e as ramificações controversas e até letais sobre a manutenção de Orcas em cativeiro. Após a história da bióloga marinha e defensora dos direitos dos animais Naomi Rose, David Kirby conta a acirrada história de duas décadas contra as Relações Públicas do SeaWorld, que alcançou um momento crucial com a morte trágica da treinadora Dawn Brancheau em 2010. O autor contextualiza este terrível ataque. A morte de Dawn foi o que teve maior atenção da mídia dentre os inúmeros e brutais ataques que já ocorreram no SeaWorld e outros parques temáticos.
“Death at SeaWorld” apresenta pessoas reais entrando neste debate, de ex-treinadores que se tornaram ativistas dos direitos dos animais a homens e mulheres que defendem o SeaWorld e a permanência de baleias em cativeiro. Na segunda parte do livro, as Orcas se apresentam.
Com o passar do tempo e com os ataques de Orcas a treinadores se tornando cada vez mais violentos, os alertas da Naomi Rose e outros cientistas não que foram ouvidos, acabaram somente sendoabsorvidos com a morte de Dawn.
Por fim, o autor cobre a repercussão da mídia, as testemunhas que se apresentaram para contestar a imagem polida apresentada pelo parque sobre o ataque e o caso inovador da OSHA que desafia exatamente a ideia de se manter baleias assassinas em cativeiro e que pode implicar o fim da interação na água entre os treinadores e o maior predador dos oceanos.
P.S.: Não tenho informações sobre o lançamento do livro no Brasil, infelizmente. Eu cheguei a escrever para a assessoria do autor para questionar se foram abordados por editoras no Brasil, mas não obtive resposta. Qualquer novidade, publico por aqui.
Leia a linda e triste carta "escrita da Orca Corky para Morgan" publicada pelo OrcaLab. O OrcaLab, uma das principais estações de pesquisas com baleias, localizada ao norte da Ilha de Vancouver no Canadá, foi fundada por Paul Spong em 1971 e é referência no mundo todo quando o assunto é a população de Orcas do noroeste do Pacífico.
Eu tive a alegria e o imenso prazer de receber por e-mail uma autorização do próprio Paul Spong para traduzir e divulgar a carta aqui no blog... A carta, que foi publicada em dezembro do ano passado, às vésperas do aniversário de 42 anos de captura de Corky, é algo simbólico, mas que enfatiza o desejo do OrcaLab de libertação de Morgan e de "aposentadoria" de Corky. Paul, assim como diversos outros pesquisadores, começou seu trabalho com Orcas em cativeiro, mas depois de conhecê-las melhor, pôde compreender a assombrosa insensatez de mantê-las nessas condições e lutar pelo conscientização do público sobre o assunto.
De Corky para Morgan
Morgan, você pode não saber quem eu
sou, mas como você, eu sou uma Orca, uma Orca de cativeiro... Quarenta e dois
anos atrás, numa noite de tempestade minha família acabou entrando numa pequena
baía, onde de repente, apareceram homens que nos cercaram com redes. Minha mãe
estava comigo. Nós não sabíamos o que fazer. Os homens gritavam em meio a
tempestade e lançavam mais redes dos barcos, conforme a chuva e os ventos nos
cercavam. Ficamos juntas. A noite foi horrível... Quando a manhã chegou, a
tempestade havia passado. Veio a calmaria às águas, mas os homens continuavam
agitados, ainda gritando, ainda correndo nos barcos e na praia puxando redes e
troncos. Ficamos paradas, bem paradas. Eu estava amontoada com minha mãe. Como você,
eu era muito pequena e estava assustada. E rápido, bem rápido os homens se
aproximaram e me separaram da minha mãe... De repende ela se foi... Os homens
me tiraram da água. Eu não podia me mexer. Eu estava presa. Meu coração doía. Havia
barulhos estranhos, escuridão e movimento.
Morgan, acho que você sabe como foi
já que também aconteceu com você. Depois de aparentemente ter se passado um longo,
longo período, havia a luz forte do sol e senti estar de volta à água. Mas não era
meu lar no oceano. Eu nadei para conhecer. Eu não estava só. Havia outros e
isso era confortante, mas não eram minha mãe e para sempre me entristeci.
Todos os meus companheiros, exceto
por um deles, logo morreram. E depois meus bebês, um depois do outro, seis ao
todo. Mais uma vez passei por outra mudança... Mudaram eu e meu parceiro mais uma
vez de lugar. Tinha mais água, mais barulho, mais pessoas estranhas. Eu não tive
mais bebês e meu parceiro logo morreu.
Eu sobrevivi. Por quê? O que eu
estou esperando?
As memórias da minha família, da minha mãe e do meu lar no oceano
não me deixam, portanto eu nado em círculos e mais círculos, dando voltas e
mais voltas, sonhando...
Eu sonho com minha família e com a
liberdade.
Morgan, e você vai... esperar? Vai se lembrar? Vai sonhar?
*****
P.S.: Visite o site do OrcaLab para ler a carta original e informações sobre a campanha "Free Corky": http://www.orcalab.org/
Como eu e muitos já imaginavam, o SeaWorld entrou com um recurso contra a decisão de um juiz que definiu no final de maio que os treinadores não poderiam mais ter contato com Orcas durante as apresentações nos shows.
O parque informou na semana passada que entrou com recurso para uma revisão da Comissão da OSHA (Occupational Safety and Health Administration – Administração de Saúde e Segurança do Trabalho) com relação à decisão do juiz Ken S. Welsch.
A decisão final sairá no dia 16 de julho se não fizerem a revisão. A definição anterior do juiz, como já mencionada em postagens anteriores, ocorreu devido à morte da treinadora Dawn Brancheau no SeaWorld de Orlando em fevereiro de 2010. Ela foi morta por Tilikum, a Orca macho de seis toneladas, mais conhecido como Shamu.
Depois de seis meses de investigação, o OSHA alegou a violação de três itens de segurança por parte do parque e recomendou que os treinadores não tivessem mais permissão para se aproximarem das Orcas sem alguma barreira de proteção.
A grande verdade é que depois que foram proibidos de entrar na água, o show perdeu parte de seu “brilho” e o público não deve ter gostado (algumas pessoas já comentaram comigo que o show não está legal...). Vamos ver o que irão decidir em breve, mas se mantiverem a posição, acredito que o parque continuará entrando com recurso até vencer e poder colocar os treinadores bem próximos ou dentro da água.
Como a última postagem do mês passado abordou um assunto muito delicado e que provoca desconforto para a maioria das pessoas, resolvi começar este mês com mais energia e principalmente celebrando a vida das Orcas que vivem livres nos oceanos!
Curtam esta linda edição de imagens espetaculares que se traduzem em beleza, força, inteligência e soberania... Características que compõem este animal tão incrível!
E lembre-se que imagens fascinantes assim jamais poderiam ser obtidas de uma cativeiro! Tenham um excelente mês!