quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Mãe de treinador morto por Orca hoje luta contra cativeiros

Em 24 de fevereiro de 2010, a notícia de que a treinadora Dawn Brancheau havia sido morta pela Orca Tilikum no SeaWorld de Orlando se espalhou rapidamente... Em minutos estava em todos os sites de notícia chegando a ser informado no "Jornal Nacional", bem como nos demais grandes veículos de comunicação do Brasil e do mundo (mesmo que equivocadamente alegando que a morte havia ocorrido durante um show e diante de uma enorme plateia – o que não foi o caso, como meus leitores bem sabem). O caso teve imensa repercussão estendendo-se por semanas e é lembrado até hoje. Por esse motivo, foi com extrema surpresa que, cerca de um ano depois, vim a saber (pesquisando sobre notícias de Orcas), que exatos dois meses antes da morte da Dawn, um outro treinador já havia sido morto por uma Orca também do SeaWorld em um parque marinho nas Ilhas Canárias. Por que esta informação não foi relevante antes? Por que essa morte foi tão ignorada? Passei semanas buscando qualquer fonte aqui no Brasil que informasse sobre a morte, mas nada encontrei...
Este caso também foi um dos motivadores na minha criação deste canal de comunicação que é o blog (além de que raramente é publicado algo sobre Orcas por aqui e menos ainda sobre a realidade por trás dos cativeiros). Agora, oito anos depois, tão surpreendente quanto a informação de sua ignorada morte venho a saber que a mãe deste treinador (que teria todas as razões do mundo para detestar esse animal) hoje luta por sua liberdade.
Mercedes Hernandez, mãe do Alexis Martinez, tem dado uma lição maravilhosa de mais profundo amor... De perdão, entendimento, humildade, compaixão e respeito. Keto tirou a vida do seu maior amor, mas ainda assim ela consegue respeitá-lo pelo animal que é e acredita que isso só tenha ocorrido devido a situação de estresse que lhe é imposta diariamente.
Há poucas semanas tomei conhecimento deste pequeno documentário que mostra Mercedes hoje, mostra como ela luta diariamente contra a dor da perda, bem como contra os cativeiros. É muito tocante! Como mãe confesso ter me emocionado muito. Com carinho, que compartilho com vocês abaixo junto à descrição dado que não há legenda:



“Meu filho está morto! Jamais irá voltar! Mas o que aprendemos com isso? Eu vou continuar minha luta. As Orcas merecem minha ajuda!”, introduz Mercedes.
O Loro Parque, em Tenerife, nas Ilhas Canárias, é visitado por milhares de turistas, mas poucos sabem que ali um treinador foi morto por uma das Orcas, por isso, sua mãe agora acredita que elas deveriam ser libertadas. Atualmente, Mercedes busca na meditação, na yoga e outras atividades alternativas um alento para sua dor e a aceitação do fato de que o filho jamais irá abraça-la novamente. A morte de seu filho foi devastadora e todos esses sentimentos são muito difíceis de lidar.
Alexis foi morto no dia 24 de dezembro de 2009 durante o ensaio de um show de Natal e sua mãe até hoje tenta compreender exatamente o que ocorreu naquele dia. À época, ela desconhecia os riscos que envolviam o trabalho com Orcas. Ela se sentia orgulhosa do filho que amava o que fazia. Ela conta que apenas uma vez durante uma apresentação pensou: “Meu Deus, que perigo! Uma baleia pesa toneladas, um ser humano ao lado fica tão pequeno! Mas nunca pensei que algo ruim fosse acontecer porque eu ignorava os riscos. No entanto, agora quero que as pessoas entendam que esses shows não são legais... não são corretos.” Mercedes agora tenta conscientizar as pessoas, mesmo que muitos não compartilhem de suas preocupações. Logo após a morte do Alexis, o parque já começou a mascarar as causas de sua morte. Até hoje muitos acreditam que ele morreu afogado. No entanto, a necropsia é bem clara ao concluir que ele sofreu um ataque brutal da Orca que causou lesões fatais.
O Loro Parque segue sendo uma grande atração turística local e os shows continuaram mesmo após sua morte. Quem assiste às apresentações têm a sensação de que as Orcas e os treinadores vivem em perfeita harmonia e que o tanque é grande o suficiente. Mas o que não sabem é que, na natureza, Orcas percorrem mais de 100km em um único dia. “Keto, a Orca que matou o Alexis, fez isso por frustração, porque é estressado com tanta pressão. Eu acredito que ele o atacou porque de alguma forma queria dar um sinal”, conta Mercedes.
O Loro Parque recebe mais de 1 milhão de visitantes por ano, ou seja, é um negócio lucrativo. Há cartazes e publicidade para todo lado, até mais placas do que do hospital local. Há até uma linha com um trenzinho que leva as pessoas até o parque. Com frequência há ativistas na porta tentando mostrar para os visitantes a realidade sobre a crueldade de se manter animais em cativeiro. A Mercedes não se considera uma ativista, mas se opõem aos cativeiros. Já o Loro Parque afirma que as Orcas estão melhores em seu tanque do que na natureza devido à poluição e à escassez de alimentos. Wolfgang Kiessling, dono do Loro Parque, gosta de exaltar o quanto ama os animais e a importância da preservação da fauna, mas fica uma pergunta: Como uma Orca matou um de seus treinadores?
“Como foi possível? Bem, foi um acidente. E acidentes acontecem. É tudo o que tenho a declarar.”, responde Wolfgang quando questionado pelo repórter sobre a morte do Alexis. “Mas como você continua chamando isso de acidente e não de um ataque?”, pergunta novamente o repórter. “Porque não foi um ataque... Ataque seria se o animal... Tenho certeza que não foi um ataque porque o treinador tinha uma boa relação com o animal. Eles trabalhavam juntos e de repente o animal ficou nervoso.”, conclui o dono do parque. 
Desde a morte do Alexis, os treinadores não podem mais entrar na água com as Orcas. 
Mercedes gosta de visitar a pequena baía em que lançou as cinzas do filho. Lá ela se sente mais próxima dele. O sonho dela era ver Orcas livres na natureza. “Poder vê-las na natureza seria um grande presente... Ver esse fantásticos animais em liberdade... Eu sinto uma conexão com elas em liberdade. Seria incrível, espetacular!”.
E foi na Ilha de Vancouver, no Canadá, que esse sonho se tornou realidade. A família e os amigos ajudaram Mercedes a pagar pela viagem. E o Alexis segue com ela, não só na tatuagem.
A Mercedes sente uma conexão especial com as Orcas. “Eu aprendi muito sobre elas depois que passei a ler sobre como vivem. Há uma ligação muito forte entre as mães e seus filhotes... e por muito tempo. E isso me fascina. É por isso que amo tanto esses animais.”, diz ela.
E num passeio por Johnstone Strait, o momento finalmente chegou. Logo, um pod grande de Orcas passa pelos caiaques. (não há como conter as emoções ao ver a emoção dessa mãe).
“O sentimento é muito intenso. Mas estou muito feliz de vê-las. É emocionante vê-las na natureza... Eu sinto como se eu pudesse me conectar com elas em sua liberdade. Logo todas as Orcas estarão livres, como deveria ser.”





segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Orcas e belugas continuam presas em condições pavorosas na Rússia

Enquanto o governo russo não se decide sobre como atuar com relação à "prisão de baleias", como foi chamada desde novembro quando imagens de drones denunciaram o problema ao mundo, Orcas e belugas seguem presas em condições pavorosas, conforme detalhado por veterinários de organizações não governamentais. Os cetáceos, a maioria filhotes, estão praticamente morrendo congelados e não há perspectiva real de soltura até o momento.



A convite das autoridades russas, em visita ao local, veterinários revelaram que os funcionários da "prisão" precisam ficar constantemente quebrando o gelo que se forma na superfície dos cercados para possibilitar que os animais venham a superfície para respirar. As belugas estão "acostumadas a viver no gelo", diz à National Geographic Dmitry Lisitsyn, chefe da Sakhalin Environment Watch, "mas não estão acostumadas a ficar aglomeradas em um espaço de 12 por 10 metros com pessoas acima delas usando ferramentas a todo momento". Quinze das belugas são filhotes.



"É ainda pior para as Orcas", completou ele, pois embora elas estejam condicionadas a viver em águas frias, normalmente migram para o sul durante o inverno. Várias Orcas apresentam lesões de pele e em torno de suas barbatanas dorsais que podem ter sido causadas pelo congelamento devido à exposição ao frio prolongado, infecções bacterianas ou fúngicas decorrente da água estagnada, ou mesmo por conta de um conjunto desses fatores.




Há dez dias, três ONGs, incluindo a Sakhalin Watch, entraram com uma ação contra três agências do governo, alegando que, sob a lei russa, elas são obrigadas a confiscar animais silvestres de origem ilegal e devolvê-los ao seu habitat. "O estado é o dono legítimo dos animais e deve devolvê-los à natureza". Pedidos de soltura e ofertas de apoio para esse processo também foram realizados pelo ambientalista francês Jean-Michel Cousteau e três outros líderes do Keiko/Free Willy Project, que, com sucesso devolveram Keiko às águas islandesas.
De acordo com uma reportagem da National Geographic, uma das quatro empresas que reivindica a propriedade dos animais, Bely Kit, diz que capturou as Orcas e as belugas de forma legal e pretende vender os animais a aquários na Rússia e no exterior ainda este ano. A empresa não os libertaria na natureza a menos que fosse ordenado pela justiça.
Duas das outras empresas, a Afalina e a Oceanarium DV, disseram à imprensa local que também estão de acordo com a legislação. A quarta empresa, Sochi Dolphinarium, não respondeu ao contato da imprensa.
Somente na última quinta-feira, 7 de fevereiro, a repercussão do caso na mídia internacional fez com que as autoridades russas tomassem medidas para por fim ao sofrimento das baleias. “Os investigadores tomarão de imediato medidas abrangentes para devolver todos os mamíferos marinhos ao seu habitat”, anunciaram em comunicado, garantindo que as empresas respondam por crime de maus tratos aos animais. No entanto, essas medidas ainda não estão claras. 

Seja como for, é preciso que algo seja feito e logo... Antes que seja tarde demais. Alguns sites de notícias informaram que na última visita dos veterinários, três das Orcas não foram vistas e não sabem dizer se morreram. Vejam quão terríveis são as imagens abaixo. É possível observar o comportamento agitado das belugas, as fortes vocalizações entre todos os animais, bem como a dificuldade de locomoção das pequenas Orcas: