"Dia 11 de dezembro de 2016 completou 47 anos do trágico dia em que a família de Corky, o pod A5, pertencente às Orcas Residentes do Norte da Colúmbia Britânica, atravessou a entrada estreita da Baía de Pender durante uma forte tempestade de inverno e mudou seu destino para sempre.
Talvez as baleias estivessem a procura de abrigo, perseguindo peixes, explorando áreas novas ou até mesmo buscando vestígios dos sete membros da família que haviam desaparecido naquele lugar no ano anterior... O que sabemos é que mais seis Orcas da família da Corky foram levadas para cativeiro naquele dia fatídico, e que, dentre elas, Corky foi a única sobrevivente.
A Corky sobreviveu mais tempo do que qualquer outra orca cativa, então, em certo modo, está suportando muito mais do que esperado. No entanto, como Orcas fêmeas vivem uma média de 50 anos, podendo até viver bem mais que isso, ela pode ter muitos anos de vida ainda, ou seja, ela poderia retornar ao oceano e retomar sua vida, algo que, mesmo complexo, é bem possível.
As histórias de Keiko e Springer nos ensinaram muito, talvez mais do que qualquer outra coisa, a confiar nas incríveis habilidades que Orcas possuem de se adaptarem às circunstâncias: Keiko atravessou o Oceano Atlântico e aprendeu a caçar pelo caminho; Springer se reuniu num piscar de olhos com sua família. A Corky está longe do oceano, sua família e comunidade há muito tempo, mas tudo isso permanece em seu ser. Ela é uma orca! Ela vai se adaptar se lhe for dada uma chance. A Corky proporcionou muito ao SeaWorld e sua empresa, Anheuser Busch, durante todos esses anos que a mantém presa, beneficiando-se imensamente de seu serviço. Eles devem à ela pelo menos a dignidade de terminar seus dias em seu verdadeiro lar.
Libertar Corky não significa jogá-la no oceano e dar “tchau”, mas montar um processo com etapas bem definidas no qual ela seria reintroduzida ao ambiente e outras Orcas cuidadosa e sistematicamente. O passo inicial, após avaliá-la fisicamente para garantir que não representasse nenhuma ameaça para a saúde de outras Orcas, seria deslocá-la para uma instalação oceânica, onde ela seria capaz de se comunicar com outras Orcas e ajustar-se ao ambiente. Decisões práticas, definidas pelas circunstâncias, determinarão o que deve ser feito na sequência. Nossa convicção, baseada em tudo o que aprendemos sobre as Orcas, é que a Corky vai provar ser ainda capaz de prosperar no oceano e que as outras Orcas irão recebê-la de volta ao seu meio. Não sabemos se este será o resultado (pelo menos, a instalação no oceano poderia se tornar o ambiente para ela se aposentar), mas sabemos que Corky merece esta chance.
O tempo é crucial, mais ainda para Corky do que para a maioria... Sua vida extraordinária chegará ao fim um dia. Se isso acontecer em um triste tanque do SeaWorld, não apenas Corky, mas todos nós teremos perdido uma mais que importante oportunidade.
Paul Spong & Helena Symonds, Orcalab
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