terça-feira, 28 de novembro de 2017

Baleias azuis são canhotas

Estudar baleias azuis pode ser uma empreitada bastante difícil. Ainda que seu tamanho gigantesco facilite alguns tipos de observação, conseguir dados precisos sobre o comportamento desses gigantes das profundezas oceânicas é um trabalho hercúleo. Chegar perto delas foi o primeiro desafio dos pesquisadores, que publicaram, no periódico Current Biology, a conclusão de que, de certa forma, as baleias azuis são canhotas.
Ficar próximo de uma baleia azul não é tão difícil, se você sabe onde encontrá-las. Difícil é se aproximar o suficiente para fazer o que os cientistas precisavam: acoplar sensores altamente sensíveis na bichinhas, contendo acelerômetros. É a mesma tecnologia usada no seu celular e outras tecnologias para detectar movimentos – e contar passos ou calorias queimadas em um dia, por exemplo.

Depois de fazer uma visitinha às baleias em um santuário próximo à Califórnia, os pesquisadores conseguiram acoplar os sensores e monitorar 63 delas. Eles queriam entender como os movimentos delas eram associados aos seus hábitos alimentares. Ao estilo Free Willy (mesmo sendo de outra espécie) elas costumam fazer “acrobacias” no dia a dia. Não é para serem exibidas: essa é a estratégia de captura de krill, principal alimento desses animais.

O que os dados dos sensores revelaram é que a coreografia das baleias variava conforme a profundidade da água onde estavam. No fundo do mar, onde a concentração de krill era maior, elas faziam curvas curtas e bem simples. A maior parte do tempo, giravam para a direita, no sentido horário.

Já quando estavam a menos de 60 m de profundidade, a história era outra. Tinha menos krill por volume de água, então a operação precisava ser mais meticulosa. Quando a mais alta precisão era necessária, as baleias favoreciam o lado esquerdo. A imagem do artigo ilustra bem a diferença:

A figura superior mostra as acrobacias de baleias em águas mais rasas. A ilustração inferior mostra o mesmo comportamento em maiores profundidades. (Ari S. Friedlaender et al. Current Biology//Reprodução)

Os dados são consistentes com a manifestação de lateralização cerebral: quando o cérebro, para aumentar a eficiência de alguma atividade, passa a favorecer um dos lados do corpo. É por isso que escrevemos, tocamos instrumentos e batemos pênaltis com um lado preferencial. E também parece ser por isso que as baleias preferem o lado esquerdo para se alimentar com primazia.

Ainda não dá para cravar porque a lateralização varia conforme a profundidade da água nem qual a vantagem que cada um dos lados oferece para a rotina do bicho. Os pesquisadores acreditam que ela pode estar associada à relação entre olhos e cérebro.

O olho direito da baleia azul (assim como o seu) está ligado ao lado esquerdo do cérebro (e vice versa). Esse é o hemisfério que controla “movimentos ensaiados” – dos quais depende a caça da baleia, especialmente quando o alimento está mais escasso. Quando a baleia gira para a esquerda, ela consegue manter o olho direito o tempo inteiro na presa e ir controlando os detalhes da acrobacia. Essas minúcias garantem vantagem na caça em águas rasas. Nas águas profundas, esse esforço todo não seria necessário, porque tem comida para todo lado. Mas fica faltando entender porque, nesses casos, a baleia vê vantagem nos giros para direita. É uma vira-carcaça, mesmo.




Fonte: Superinteressante de 27 de novembro de 2017.




quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Orca encalha e é salva na Nova Zelândia

Uma força-tarefa que incluiu o exército, biólogos, veterinários, voluntários e especialistas do Orca Research Trust e do Whale-Rescue conseguiu salvar uma Orca macho de um encalhe na Nova Zelândia. A Orca, que provavelmente encalhou caçando raias em águas pouco profundas, foi encontrada na manhã de domingo (12 de novembro) na praia de Marfeels e a ajuda veio através da moradora local Anna McIntosh que a encontrou. Sem saber exatamente o que fazer, ela divulgou o caso pelo Facebook pedindo ajuda. Em pouco tempo uma equipe já estava formada para auxiliar no salvamento, incluindo equipes do Exército da Nova Zelândia, nos EUA, do Canadá e da Austrália que estavam em região próxima passando por treinamentos.
A equipe passou a noite ao lado da Orca garantindo sua hidratação e conforto para que tivesse condições de sobreviver até que cavassem um pequeno canal que permitisse seu deslocamento. Quando a maré subiu, a equipe a conduziu mar adentro. Após uma pequena pausa para descanso seguiu com firmeza. Por 48 horas a região foi monitorada para que se certificassem de que ela não encalharia novamente (normalmente sinal de que o animal está com problemas de saúde e dificilmente sobreviveria), o que não ocorreu. Portanto, o salvamento foi considerado um sucesso. Sabe-se apenas que um pod de Orcas estava a sua espera pois foram detectadas vocalizações próximas à praia do encalhe durante toda a noite em que ela permaneceu no local.




Em nota em sua página do Facebook, o Orca Research Trust agradeceu imensamente todos os envolvidos, detalhando que o salvamento não teria sido possível se não tivessem tido tanto auxílio.
No link abaixo e possível assistir ao vídeo do encalhe e do momento do salvamento:
http://www.newshub.co.nz/home/new-zealand/2017/11/volunteers-work-through-night-to-save-stranded-orca.html

As imagens são do Ross Wearing e do Project Jonah, uma entidade dedicada a proteção de baleias, golfinhos e focas.