Cientistas marinhos da Colúmbia Britânica, no Canadá, assistiram pela primeira vez uma Orca afogar um filhote da mesma espécie.
Os pesquisadores observaram o infanticídio ocorrido na costa nordeste da Ilha de Vancouver em 2 de dezembro de 2016 e publicaram o evento na revista Scientific Reports há poucos dias.
O ecologista Jared Towers se lembra de ter partido para observação com mais dois colegas ao captar sons bem atípicos de Orcas Transeuntes através dos hidrofones.
Imagem do filhote pouco antes do ataque (foto de Jared Towers) |
Eles então localizaram as Orcas, identificaram-nas, fotografaram-nas e quando estavam partindo observaram uma movimentação forte na água, como se elas tivessem encontrado uma presa. “Foi aí que percebemos que o filhote, que era ainda bem pequeno, não estava emergindo." "Em seguida, o macho, que não tinha relação familiar com a mãe e o filhote, passou pelo nosso barco com o filhote preso na boca." "Ficamos muito assustados e intrigados", contou Jared.
Macho com o filhote na boca (foto de Gary Sutton) |
O infanticídio não é novidade entre os mamíferos. Leões o praticam, assim como primatas e ursos, mas ainda não tinha sido observado entre Orcas.
Jared descreveu a cena angustiante como algo que jamais vai sair de sua mente, mas decidiram continuar observando devido à importância e significado do evento.
Durante os minutos que se seguiram, observaram a mãe do filhote e demais membros do pod perseguirem o macho, enquanto a mãe do macho tentava afastá-los. Houve mais movimentações enquanto o hidrofone captava sons frenético das baleias.
"A agitação acabou quando a mãe do filhote atingiu o macho tão fortemente que dava para ver a gordura balançando no corpo e o sangue espirrando no ar. Aquela foi a última pancada, e mesmo assim ele não soltou o filhote", lembrou Jared.
Fêmea atacando o macho para tentar proteger o filhote (foto de Gary Sutton) |
Apesar de Orcas Transeuntes se alimentam de outros mamíferos, incluindo focas, leões-marinhos e jovens cetáceos de outras espécies, o macho adulto e sua mãe não se alimentaram do filhote.
Isso levou os cientistas a suspeitarem de que o macho, que tinha 32 anos, matou o filhote para poder acasalar com sua mãe.
"Sabemos que em muitos casos, mamíferos matam filhotes para forçar a fêmea a entra no período fértil mais rapidamente ", completou Jared.
Nota do Produtor do documentário "Blackfish", Tim Zimmermann, sobre o tema, que é extremamente válida para nossa reflexão: "Isso tem sido observado em golfinhos, especialmente em cativeiro, então não é surpresa que isso aconteça na natureza entre as Orcas. E embora seja horrível em algum sentido (como toda morte infantil é), muito do "horror" provavelmente se deve à imagem benigna que temos das Orcas graças principalmente à Shamu".
Orcas são fortes, predadoras, inteligentes e possuem, assim como os demais animais selvagens, um forte extinto de sobrevivência e de perpetuidade de seus genes, como seria o caso. Devemos respeitá-las e admirá-las por isso também.