Jason Colby tem mais do que a perspectiva de um historiador sobre a época em que as Orcas foram capturadas e vendidas para fins lucrativos e de entretenimento para todo o mundo: seu pai costumava ser um “ceifador”, como os caçadores desses grandes mamíferos se chamavam.
Hoje, professor de história ambiental e internacional da Universidade de Victoria, na Colúmbia Britânica, no Canadá, Jason Colby, autor do livro “Orca: How We Came to Know and Love the Ocean’s Greatest Predator” (que pode ser traduzido como “Orca: como conhecemos e amamos o maior predador do oceano”), nasceu em Victoria, mas cresceu na região de Seattle, nos EUA, onde ele trabalhou como pescador comercial no Alasca e estado de Washington. Ele é própria história do Noroeste norte americano, nascido e criado, e conta isso com a profundidade e paixão que o assunto merece.
"Minha família viveu com essa história", disse Jason em uma entrevista, explicando que seu pai esteve envolvido em uma captura, mas deixou a atividade depois que três das Orcas morreram em cativeiro.
“O livro tenta nos levar mais para trás na história, para analisarmos como foi que, para começar, passamos a nos preocupar com esses animais. Começa lembrando os habitantes do Noroeste que as capturas não foram a pior coisa que aconteceu com as Orcas, pois até meados da década de 1960, os moradores atiravam nelas e as matavam com frequência. Elas eram vistas como um tipo de espécie “verme”, assim como os lobos em terra. E a única maneira que as estudávamos na época era matando-as para dissecação.”
Orcas de cativeiro, capturadas em águas do Noroeste do Pacífico, especialmente em Puget Sound, foram enviadas de Seattle para o mundo todo nas décadas de 1960/70, antes de as leis estaduais e federais finalmente encerrarem a prática. Mas foi a Orca de cativeiro, argumenta Jason, que promoveu a compreensão da espécie que levou ao imperativo ético de salvar as baleias.
O livro do Jason Colby foi lançado no início deste mês logo após o início de mais uma campanha de soltura da Orca Lolita realizada pela Nação Lummi. Lolita, bem conhecida pelos leitores do blog, é uma Residente do Sul, membro do pod L, e foi levada quando tinha apenas quatro anos, em 1970, de Penn Cove, e está em cativeiro desde então no Miami Seaquarium. O Jason argumenta que, embora seja solidário com a situação dela, ele deve esclarecer não apenas sua trágica história, mas a real ameaça que cada membro dos pods J, K e L enfrenta hoje em dia devido à degradação de suas águas.
As pessoas dessa região, e além dela, têm a obrigação moral de salvar essa espécie que, sozinha, educou o mundo sobre seu verdadeiro caráter e beleza, disse Jason.
“Eu diria que temos uma dívida com as Orcas Residentes. Temos uma obrigação moral para com essa população que ajudou a transformar nossa visão sobre os cetáceos. Nós devemos a elas a proteção, pois nos ajudaram a nos tornarmos pessoas melhores. ”
P.S. 1: Como, infelizmente, todos os demais livros sobre Orcas ainda não estarem disponíveis em Inglês, este também não está, mas pode ser adquirido pela Amazon, na versão original.
P.S. 2: Há no YouTube uma palestra do autor do livro, Jason Colby, abordando o livro. Vale à pena assistir: https://www.youtube.com/watch?v=KbdlAHOOTCQ