"Conte. 50. Cinqüenta. Nos dedos da sua mão. Leva um tempo. Pense nisso. Pense em cada um representando um ano perdido na vida da Corky: 365 dias circulando e girando e girando e girando em torno de seu tanque até ficar tonta, longe de todos os sons que fizeram dela uma Orca, um ser com uma incrível percepção de som e espaço; afastada de uma linhagem familiar que se estende por gerações que vão além da última Era Glacial; inimaginavelmente privada de tudo o que ela e suas semelhantes dependem para existir.
Na semana passada, fui com a Helena à Pender Harbor, em Sunshine Coast, ao norte de Vancouver, para encontrar o Sonny Reid, pescador que capturou Corky no dia 11 de dezembro de 1969. Nós não nos víamos desde aquela época. Temos a mesma idade. Ele lembrava de mim mais alto. Um homem atarracado e resignado, Sonny viveu a vida toda em Pender Harbor. A captura das Orcas foi acidental; ele ganhou dinheiro, mas não muito; ele pescava salmão e arenque antes de ambas as pescas fracassarem. Ele está aposentado agora e como vendeu o barco não pesca mais, mas vagueia até o porto no Madeira Park quase todos os dias e se lembra das capturas como se fossem ontem. Ouvi dizer que ele havia mudado de ideia sobre o tema. Nosso encontro foi calmo e a conversa tranquila. Para mim, o momento mais pungente foi quando perguntei a Sonny quando ele havia mudado de ideia. Ele ficou pensativo por um momento e depois me disse que aconteceu no cais em que estávamos, quando as Orcas estavam sendo transferidas para caminhões para serem levadas. Ele as ouviu chorar. Naquele momento, ele entendeu o que havia feito e desejou poder devolvê-las. Mas não podia, é claro.
Agora, há outra chance para Corky. Um santuário está sendo preparado para ela em Double Bay, na ilha Hanson, não muito longe do OrcaLab e de Dong Chong Bay, onde Springer foi devolvida à família em 2002. Lá, a Corky será tratada por pessoas que conhece bem, funcionários do SeaWorld. Ela vai nadar na água do oceano novamente e, embora ainda esteja confinada, sua família poderá visitá-la. O que acontecerá após o reencontro é desconhecido. É claro que existem desafios à frente, sendo o principal deles a cooperação do SeaWorld, o que é possível e o que acredito que irá acontecer.
Enquanto a Corky entra no seu 51º ano longe da família e do oceano em que nasceu, acenderemos uma vela para ela. Convidamos você a fazer o mesmo."
Paul Spong, Orca Lab
11 de dezembro de 2019
Olá! Teve mais alguma noticia sobre o santuário?
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