Acompanhei nestes últimos dias, diversos sites de notícias no exterior divulgando a informação e o vídeo do nascimento de uma Orca no SeaWorld de San Diego. Todos eles deram a notícia com muita alegria...
A pequena Orca nasceu no dia 14 de fevereiro, mas ainda não confirmaram se é uma fêmea ou um macho. Sei que é tentador se “encantar” com a notícia e adorar poder ver essas imagens obtidas da piscina, além de que muitos ainda devem saber da notícia e pensar que “antes ter nascido em cativeiro, do que ter sido tirada do oceano”. Mas não se esqueçam que nenhuma dessas situações são justas. De uma forma ou de outra, a vida deste novo ser vai ser marcada por artificialidade, disfunção, dor, sofrimento e privações.
Vou elencar alguns motivos, começando pelo nascimento:
O filhote obviamente foi concebido por inseminação artificial, neste caso, resultado do cruzamento da fêmea Kasatka e o macho Kshamenk. Kasatka ficou famosa há poucos meses devido à divulgação do vídeo em que mostra ela atacando o treinador Ken Peters (vide notícia neste link: http://v-pod-orcas.blogspot.com.br/2012/07/video-divulgado-mostra-ataque-ao.html . Kshamenk também já teve sua história contada aqui no blog (vide link: http://v-pod-orcas.blogspot.com.br/2012/08/conheca-kshamenk-orca-da-argentina-e.html). De acordo com algumas fontes, o SeaWorld pagou uma fortuna ao parque Mundo Marino da Argentina para obter sêmen de Kshamenk e possibilitar a inseminação da fêmea (tudo indica que Takara tambem está grávida dele). O filhote logo será separado da mãe (na natureza, principalmente os machos, passam a vida toda ao lado dela); ele será transportado diversas vezes durante a vida (para outros parques ou outros tanques dentro do próprio parque, incluindo transporte rodoviário e aéreo (o que mais poderia ser mais artificial que isso?); será forçado a se reproduzir antes da maturidade ideal (artificialmente, é claro); sofrerá diversas intervenções humanas como exames e tratamentos veterinários, incluindo a perfuração dentária sem qualquer tipo de anestesia; será alimentado com peixe morto, pelos humanos e quando desempenhar o papel necessário em treinamentos e apresentações; será obrigado a conviver com Orcas de outros grupos que apresentam uma série de distúrbios comportamentais, e que já vem há décadas com dificuldades de se estabelecerem em cada território que são obrigadas a habitar (simplesmente porque também passaram pelos mesmos obstáculos); terá dificuldades de se comunicar, sofrerá a terrível privação de utilizar aquele sentido que lhe é o mais importante, mas cuja falta os humanos não conseguem mensurar, simplesmente porque não o possui, que é o biosonar; entre uma lista imensa de situações adversas, que pode incluir ate o suicídio... Tudo isso para quê? Para entreter um público que o admira de coração, porém de forma egoísta, que não tem conhecimento da realidade que ele enfrenta. Ele será tratado com carinho pelos treinadores? Sem dúvidas que sim... Estes que estão lá são apaixonados por Orcas e lutaram muito para terem este cargo... Mas pergunte a eles se já viram Orcas na natureza... A maioria absoluta, não!
Na verdade, eles sofrem de um amor egoísta, que reconheço ser muito fácil sentir porque elas são de fato fascinantes, mas é um amor equivocado, um amor que quer perto, quer tocar, quer sentir, quer cuidar, quer dominar, mas não é forte o suficiente para querer ver livre. E é nessas horas que eu faço a mesma pergunta de sempre: Que tipo de amor você tem por elas?
Com essas informações em mente, assista ao nascimento, e aproveite para observar que a Kasatka teve que desviar o filhote do vidro do tanque, assim que ele nasceu:
O video foi retirado... mas mesmo sem ver da pra imaginar,depois da leitura acima, sobre a realidade desses filhotes.
ResponderExcluir