Pela primeira vez, um dispositivo feito por cientistas permitiu que traduzíssemos o som emitido por um golfinho em tempo real. A primeira palavra que ouvimos do animal foi “sargaço”, um tipo de alga.
Desde o ano passado, os pesquisadores Denise Herzing, do Wild Dolphin Project (“Projeto Golfinho Selvagem”), e Thad Starner, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, dos EUA, estão trabalhando em um protótipo de um tradutor da “linguagem dos golfinhos”, chamado CHAT – Cetacean Hearing And Telemetry (“Audição e Telemetria Cetácea”, em tradução livre).
O dispositivo é envolto por uma cápsula à prova d’água e contém hidrofones que detectam os sons (assobios ou apitos) feitos pelos golfinhos, que podem ser até 10 vezes mais altos que os tons que um humano consegue entender.
Os cientistas estavam ensinando e treinando um grupo desses animais a fazer certos sons, e associá-los com algas. Eles esperavam que os golfinhos adotassem os assobios, que são fáceis de distinguir de seus próprios assobios naturais – e não se decepcionaram.
Quando o aparelho pegou o apito do “sargaço”, Herzing ouviu sua própria voz gravada dizendo a palavra em seu ouvido.
O CHAT usa algoritmos padrão para analisar os assobios dos golfinhos e extrair características significativas que uma pessoa pode não pegar ou entender.
Os cientistas não querem só ouvir assobios inventados que eles ensinaram aos animais, e sim seu objetivo maior é decifrar a linguagem natural dos golfinhos.
No entanto, Herzing alerta que a observação tem limitações, uma vez que não foi repetida. Ainda assim, é um momento significativo que, juntamente com as melhorias nas capacidades de processamento de sinais de informação, pode levar a uma melhor compreensão – e possível participação humana – na comunicação animal.
O trabalho de Herzing foi interrompido recentemente porque sua equipe perdeu o contato com o grupo de golfinhos, mas eles fizeram algum progresso. Os algoritmos descobriram oito componentes diferentes em uma amostra de 73 assobios.
Os resultados são preliminares, mas os pesquisadores foram capazes de corresponder determinadas sequências desses componentes com as interações entre mãe e filhotes, por exemplo. O estudo deve continuar no próximo verão do hemisfério norte, a partir de junho.
Fonte: HypeScience de 31 de março de 2014