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Robert Pitman ficou intrigado quando observou a perseguição de um grupo de Orcas a uma foca, numa viagem à Antártida em 2009. Para surpresa do biólogo marinho, o instinto de sobrevivência da foca levou-a na direção de duas baleias jubarte que estavam por perto e a decisão não poderia ter sido mais acertada: o que parecia uma morte certa transformou-se num seguro de vida com cobertura total.
"Assim que a foca chegou à primeira baleia, o enorme animal rolou para ficar de costas e abraçou uma foca de 400 quilos no peito com as suas enormes barbatanas", contou então à Natural History Magazine. "Depois, com as Orcas a aproximarem-se, levantou-a e tirou-a da água" colocando-a num iceberg.
O fenômeno, que aos poucos interessou cada vez mais biólogos marinhos, aguçou-lhe a curiosidade. Uma espécie a proteger outra de uma terceira não encaixava muito bem nas leis do mundo selvagem. Será que tinha captado bem o que acabara de presenciar? Sete anos de estudo depois, estão aí as conclusões: sim, as baleias jubarte protegem mesmo as presas das Orcas, não apenas as focas mas também as baleias cinzentas e até alguns peixes.
Não é que as jubartes tenham assumido um papel de salvadoras da comunidade marinha de mamíferos. Não é suposto ser assim que a natureza funciona. Segundo o estudo de Robert Pitman, publicado no jornal Ciência dos Mamíferos Marinhos, a explicação está no instinto maternal que essas baleias possuem, por estarem habituadas a proteger as suas crias dos ataques de Orcas.
"As jubartes não são muito inteligentes. Elas têm uma maneira de lidar com isto que basicamente é impedir que as Orcas matem. E é esse desfecho que é importante para elas", explica Robert Pitman à cadeia televisiva CBC, do Canadá.
Se protegem as suas próprias crias, ou focas, ou outras baleias, ou peixes, das mandíbulas das Orcas, parece ser irrelevante para determinar o seu comportamento perante a ameaça. Certo é que é uma batalha de pesos pesados dos mares: as jubartes podem chegar à 40 toneladas e as Orcas, até 9.
Mas as conclusões do biólogo marinho americano deixam margem para outro tipo de explicações, ainda mais surpreendentes: "Não há benefício aparente para as jubartes continuarem a interferir quando outras espécies estão sendo atacadas. Não se pode descartar um caso de altruísmo interespécies, mesmo que não seja intencional."
Pois é: as leis do mundo selvagem não estão todas escritas; há ainda muito por descobrir.
Fonte: Site português Visão, de 15 de agosto de 2016.
P.S.: Fiz algumas adaptações no texto já que este foi traduzido da Reuters para Português de Portugal.
este blog é magnífico, adoro a suas postagens sobre as baleias. Tínhamos pouca informações sobre as orcas em português mas com esse blog a nossa informação aumentou muito, e isso é maravilhoso pra quem ama as orcas como eu. Parabéns
ResponderExcluirOlá, fico feliz que tenha me encontrado então.
ExcluirNão publiquei sua mensagem antes porque estranhamente entrou como spam. Venha sempre visitar e divulgar o blog.
Um abraço