No início deste ano, recebi fotos perturbadoras de uma leitora do blog que esteve no SeaWorld de Orlando no final de 2017. As fotos mostram ferimentos em golfinhos, Orcas com dentes perfurados, mordendo paredes do tanque e uma delas com manchas terríveis na pele. Confesso que, escrevendo há tanto tempo e sendo (teoricamente) tão consciente sobre o tema, fiquei surpresa com minha reação, afinal, não deveria me causar espanto já que acompanho tantos casos assim, certo? Mas não! Tem certas coisas na vida que são difíceis de aceitarmos. E não importa quantas vezes vemos e ouvimos... Uma coisa é ler notícias e ver imagens nos meios de comunicação outra é alguém te contar algo que presenciou e registrou. E esses registros me mostraram que estou no caminho certo de continuar informando e alertando pessoas no nosso país sobre a lamentável verdade por trás (literalmente “trás”) dos cativeiros, pois somente a consciência mudará o curso da história e o futuro desses animais. Por isso, é com pesar que divido essas imagens com vocês, que só comprovam quão nocivos são os cativeiros.
As imagens mais impressionantes são da Orca Malia. Ela apresenta marcas terríveis na pele, muito semelhantes às da Orca Kasatka que foi sacrificada no ano passado. As manchas são tão visíveis e grandes que achei esquisito seu caso ainda não virado notícia na mídia até o momento em que recebi as fotos (pois dias depois começaram a compartilhar informações sobre o caso pela Internet). Em troca de mensagens pelo Twitter com os ex-treinadores Jeffrey Ventre e John Hargrove, vim a saber que era Malia (como alguns leitores já sabem, não sou especialista e nem fico decorando dados sobre Orcas de cativeiro, pois acho deprimente. Há anos concentro meus estudos em Orcas selvagens pois acredito ser bem mais enriquecedor. Por isso, pedi ajuda para identificá-la).
Malia, diferentemente da Kasatka, nasceu em cativeiro (em março de 2007) e é filhote da Taima e do Tilikum. As fotos abaixo foram tiradas no dia 29 de dezembro de 2017 em duas apresentações One Ocean, de dia, e Miracles, de noite. Nota-se que se trata da Malia em ambas as apresentações, provando quão estressante é a rotina de shows, além de provar que, apesar de terem alegado que as apresentações mudariam de formato e seriam mais “educativas”, pouco foi alterado do modelo tradicional de décadas atrás.
Imagens de Felipe Mayer |
Imagens de Felipe Mayer |
Imagem de Felipe Mayer |
Após observar suas fotos e pesquisar mais sobre sua saúde, soube que o SeaWorld também tem mentido sobre ela, assim como fizeram com a Kasatka até o fim da vida. Eles chegam a alegar o absurdo de que essas manchas são como as que observamos em Orcas da Antártica formadas por algas e diatomáceas, que aderem à pele devido às águas congelantes do continente. Ora, vejamos, não precisamos ser nenhum especialista no assunto para dizer que não se trata da mesma coisa:
Em resposta a questionamentos do público, o parque responde:
“Conforme observado, a parte branca da pele da Malia está passando por uma descoloração, semelhante a que ocorre com baleias selvagens quando viajam para águas mais frias. É importante notar que essas alterações estão limitadas às camadas mais externas de sua pele. Até o momento, não há indicação de que isso seja infeccioso baseado nos exames de sangue e nas biópsias. Alem disso, o comportamento da Malia não mudou e ela continua interagindo com todo o grupo* de orcas e com seus treinadores. Assim como todos os outros animais do SeaWorld, a Malia tem sido monitorada diariamente pelas equipes de veterinários e cuidado animal.”
* Não há sentido em se referirem ao grupo de Orcas como “pod”. Pods são formados por laços familiares e com total naturalidade na natureza e não quando animais são forçados a viverem confinados num mesmo local. O SeaWorld ou qualquer parque marinho jamais terá um pod.
A outra imagem que impressiona e é a PROVA do que tantos ativistas gritam para quem quer ouvir: O tédio e o estresse são tão grandes em cativeiro, que as Orcas mordem paredes e comportas do tanque destruindo os próprios dentes. E a leitora não precisou ser nenhuma especialista para identificar o comportamento e considerá-lo anormal. Segundo ela, as imagens foram captadas num tanque atrás do “palco”:
Imagens de Felipe Mayer |
Lembrando que quando as Orcas quebram os dentes com esse tipo de comportamento, é necessário, para evitar infecções, efetuar a pulpotomia. Técnica que consiste na retirada da polpa coronária para tentar preservar a estrutura dos dentes (de acordo com ex-treinadores, a técnica é dolorosa e sem anestésicos). O que leva à necessidade de limpeza diária, o que também provoca desconforto nos animais. A foto abaixo mostra bem todos os dentes de uma das Orcas perfurados:
Todos esses registro em uma única visita ao SeaWorld! Assustador, não?
Sim, o show é lindo! Emocionante! Orcas fascinam, encantam! E é muito fácil se deixar levar por toda pirotecnia. Eles são profissionais e sabem como ninguém montar um grande espetáculo para que todos saiam suspirando... Mas com olhos um pouquinho mais atentos, vemos muito mais por trás do show. Vemos as dificuldades e a realidade deprimente de mantermos seres tão maravilhosos e tão necessitados de seu habitat, confinados em ambientes completamente artificiais. E quando enxergamos isso, os suspiros não são mais de alegria, mas de pesar! Pensem nisso!
As imagens apresentadas infelizmente falam por si mesmas...
Torçamos e lutemos para que esta realidade bárbara chegue ao fim o quanto antes!
Divulguem, compartilhem essas informações!
Façamos desta a última geração de Orcas em cativeiros!
P.S.: Todas as fotos foram gentilmente emprestadas ao blog, mas são de propriedade de Felipe Mayer. Peço a gentileza de não as utilizarem sem a devida autorização.