segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Aquário de Vancouver não exibirá mais baleias e golfinhos

O Aquário de Vancouver anunciou que vai parar de exibir baleias, golfinhos e toninhas, por conta da mudança da opinião pública, bem como da longa controvérsia que envolve o tema. Toda essa mudança de atitude demonstrada pela comunidade nos últimos anos tornou um sério impedimento para os objetivos da organização.
As circunstâncias, aliadas a protestos contínuos, fizeram com que o aquário reavaliasse sua antiga posição de que a manutenção dessas criaturas em cativeiro tinha propósito científico e educacional. O aquário, que se tornou o primeiro no mundo a parar de capturar cetáceos em 1996, perdeu todos eles (ficando apenas com um) por motivos de doenças nos últimos três anos.
O anúncio, feito na quinta-feira passada, vem depois de anos de disputa que envolveu o aquário, o governo local e milhares de membros da comunidade que demonstraram tanto apoio quanto oposição através de cartazes na entrada do aquário, além de em inúmeras reuniões do conselho do parque. Os apoiadores diziam que o aquário faz pesquisas importantes sobre a conservação do oceano, enquanto os opositores alegavam que não é ético manter mamíferos marinhos inteligentes em tanques.
"O que costumava ser uma distração tornou-se um impedimento mais grave para alcançarmos nossa missão", disse o Presidente e Diretor Executivo do aquário, John Nightingale. "Está na hora!"
O aquário continuará recorrendo a uma decisão judicial de maio de 2017 que impede que possam trazer novos cetáceos para o parque, o que seria necessário caso tenham que abrigar animais resgatados antes de serem transportados para outra instalação.
"Gostaríamos de, de vez em quando, de forma temporária, podermos usar as instalações do aquário em processos de resgate, quando necessário, e com supervisão do Departamento de Oceanos e Pesca", disse o John Nightingale.
Cinco cetáceos morreram no aquário em menos de 15 meses: Chester, uma falsa-orca, morreu em novembro; Daisy, uma toninha, em junho; Aurora e Qila, mãe e filhote de belugas, em apenas nove dias de intervalo em novembro de 2016; e Jack, outra toninha, em agosto de 2016.
Isso deixa Helen, um golfinho-cruzado, solitário nas instalações do aquário que fica no belo Stanley Park, em Vancouver. O aquário também possui cinco baleias beluga que atualmente estão emprestadas para reprodução nos Estados Unidos: três no SeaWorld, uma no Shedd Aquarium em Chicago e uma no Georgia Aquarium.
Helen é um golfinho de idade avançada que possui apenas parte de suas nadadeiras, o que a impossibilita de qualquer tentativa de reabilitação e soltura. Restando apenas duas opções para o aquário: envia-la para outra instalação, o que poderia representar riscos para sua saúde, ou trazer um companheiro de tanque, o que violaria a decisão judicial do ano passado. "Ainda não sabemos o que fazer", disse John. "Nenhuma dessas opções é boa o suficiente". Uma equipe de cuidado animal avaliará as opções e informará o público quando se decidirem.
A decisão também afeta uma reforma de 100 milhões de dólares que está sendo realizada no aquário (45 milhões já gastos). A exposição “Ártico Canadense”, que incluía enormes tanques para acomodar mais belugas, será redesenhada com tanques menores. A construção está prevista para começar em setembro.

Tal decisão por parte de um aquário tão tradicional e importante na América do Norte, especialmente numa região tão icônica que conta com a presença de Orcas selvagens em suas águas, nos faz ter fé de que estamos evoluindo para o fim da manutenção de cetáceos em cativeiros. Está claro que o desconforto do público é cada vez maior e que aquários e parques marinhos precisarão mudar o modelo para continuarem existindo.
Conheci o aquário de Vancouver, o Vanaqua, em 2000 quando morei em Vancouver aos 20 anos de idade. Apaixonada por Orcas (inexplicavelmente) desde os 5 anos de idade, chegado o momento de escolher um local para estudar no exterior, foi lá que escolhi para finalmente me aproximar mais da cultura que valoriza tanto as Orcas e para que, quem sabe, realizar o velho sonho de vê-las no oceano (como, com sorte, ocorreu diversas vezes naquela ocasião). Ainda ignorante da realidade que esses animais em cativeiro viviam, passava as tardes no Vanaqua ao lado da Orca Bjossa, que solitária passava o dia boiando na superfície ou fazendo algumas apresentações para o público... Por isso, é bom vê-los mudando de atitude. Em 2011, quando estive lá pela última vez, já não entrei no aquário por já ter consciência da realidade e não querer mais financiar a atividade. Mas, seguindo com o que estão planejando no momento, com certeza terão meu apoio numa próxima vez. E quem sabe o MarineLand, de Niagara Falls, não segue o exemplo e faz o mesmo em breve.




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