terça-feira, 18 de agosto de 2020

Orca Branca Tl'uk é vista no Alasca

Uma Orca Transeunte, cujo nome foi inspirado na luz da lua, fez uma aparição surpresa no estado americano do Alasca, no último dia 7, para a alegria dos pesquisadores da área e entusiastas da vida selvagem.

Conhecida pelos cientistas como T46-B1B, a rara orca branca Tl'uk (nome na língua Halq'eméylem da costa do noroeste americano) nasceu em 2018 e foi avistada ao sul de Puget Sound se deslocando até o norte do Alasca.

A Bióloga Marinha Stephanie Hayes observou a pequena Orca do navio de pesquisa de baleias Northern Song, onde estava trabalhando. A tripulação estava em busca de baleias jubarte perto de Juneau quando a avistaram à costa da cidade alasca de Kake. A princípio identificaram que era um pod de Transeuntes e, em seguida, observaram a Orca branca reluzindo na água.



Ao checarem as informações, descobriram que era a primeira vez que ela era vista tão ao Norte. E não parou por ali... Poucos dias depois, a Bióloga a observou novamente na costa da cidade de Petersburgo, também no Alasca, e, dessa vez, conseguiu registrar melhor as imagens. “Tivemos a chance de observar a Tl'uk caçando focas”, disse ela. “Muito bom saber que é um membro super ativo e saudável do pod.”

Embora a causa da pele clara da Tl'uk ainda seja desconhecida, a Stephanie acredita que seja um caso de leucismo, uma condição que diminui a pigmentação da pele. A baleia não é totalmente branca, suas manchas características ainda são bem visíveis, mas o pigmento de sua pele está apagado.

Em outubro, a Tl'uk foi avistada nas águas de Nanaimo (Ilha de Vancouver, Canadá) por um grupo de observação de baleias de Port Angeles.

A Bióloga acrescentou ainda que, com o tempo, os cientistas serão capazes de acompanhar e documentar os impactos de sua cor em seu desenvolvimento, pois, por ser clara e tão mais visível às presas, ela pode ter dificuldade de caçar sozinha. Será importante para avaliar também se ela teria alguma dificuldade de se relacionar com outros pods ou se apresentaria algum problema de saúde devido à sua condição.

Há mais sobre Orcas brancas no blog! Não deixe de pesquisar mais informações no campo de busca ao lado*.


* Para acessar o campo de busca, caso esteja acessando o blog pelo celular, clique em “Visualizar versão para a web” logo abaixo. O campo de “Pesquisa” estará à esquerda, abaixo da lista de postagens. Divirta-se!


sábado, 8 de agosto de 2020

50 anos de solidão de Lolita

Em tempos nunca antes imaginados de isolamento social, quando a maioria absoluta de nós sentiu a angústia, o medo, as inseguranças do desconhecido, e pelo fato de termos tido que nos afastar da nossa rotina diária, trabalho, escola, da nossa família e amigos, e de tudo que considerávamos “normal”, mesmo que no conforto do nosso lar, pudemos sentir na pele quão ruim é viver afastado de tudo e de todos. Talvez este seja um momento mais que propício para não só nos colocarmos no lugar do próximo “humano”, mas também dos animais. E dos milhões que em todo o mundo foram retirados de seu habitat, colocados em ambientes artificiais e desprovidos de tudo que lhes era normal e importante, apenas para nós humanos podermos apreciá-los no momento que “quiséssemos” (e para alguns, faturar). Estamos nessa pandemia há pouco mais de quatro meses e já sentimos as consequências... emocionais e físicas do confinamento... Nossa saúde e nosso ânimo deterioraram... Sabemos bem quanto deixamos de viver nesse período mesmo sabendo que o fizemos por um bem maior... pela saúde de todos... E, mais uma vez, lembrando, por apenas pouco mais de quatro meses... Ou seja, como nunca, talvez consigamos sentir no coração, nem que seja por um segundo, o que representam estes CINQUENTA ANOS!




Segue tradução da legenda (caso não esteja visualizando o vídeo, clique no seguinte link - https://youtu.be/KuoA2WvYZ7I ):


"Em 8 de agosto de 1970...

Uma família de Orcas brincava nas águas do estado de Washington, nos Estados Unidos, até que foram perseguidas até uma enseada. Seus captores as encurralaram usando explosivos ensurdecedores. Os filhotes foram separados das mães, capturados por redes e retirados do oceano. Um deles, fêmea, foi levado para o Miami Seaquarium, na Flórida. Eles a chamaram de Lolita. Ela acabou virando colega de tanque da Orca Hugo, que havia sido capturado na mesma região dois anos antes. Ambos se apresentaram juntos por alguns anos neste pequeno tanque. O Hugo se machucava repetidamente batendo a cabeça nas bordas do tanque. No dia 4 de março de 1980, ele morreu de aneurisma cerebral durante uma dessas ocorrências. Seu corpo foi jogado numa aterro. A Lolita nunca mais viu outra Orca. Ela circula seu tanque desde então, privada das conexões sociais tão comuns de sua espécie. Sua vida se resume a desempenhar truques para o público dia após dia. Depois dos “shows”, ela apenas boia impossibilitada de fazer qualquer outra coisa que não seja rodear as paredes do tanque.

A Lolita está completando 50 anos de cativeiro. Os chamados de sua família e as sensações do oceano não passam de uma lembrança remota. Sua existência no Miami Seaquarium é vazia e distante da verdadeira majestade e da beleza que uma Orca possui. É dessa forma que ela e outras Orcas deveriam viver?

A Lolita também é conhecida por Tokitae, que significa “belo dia, lindas cores” na costa noroeste do Pacífico.

É hora de ela viver a visão de seu nome. É hora de ela descansar num santuário.”




P.S.: Há exatos oito anos, quando fiz uma publicação sobre a Lolita, compartilhei um vídeo emocionante que mostra Lolita reagindo aos sons de vocalização de membros de seu pod. Mesmo após 42 anos de cativeiro (à época), ela demonstra se recordar. É arrepiante! Assista no link abaixo:

domingo, 2 de agosto de 2020

Orca encalha em praia na Bahia

Notícia surpreendente e triste para este começo de mês. Surpreendente pelo raríssimo fato tanto de uma Orca (filhote e aparentemente sozinha) estar na região quanto pelo encalhe em si, que também não é comum nessas condições. Com aflição, acompanhei a situação desde a divulgação de ontem e hoje divido os detalhes por aqui, através do comunicado do IMA (Instituto Mamíferos Aquáticos), cuja equipe atuou na tentativa de desencalhe e salvamento, mesmo que sem sucesso, da pequena Orca.
Segue:

“Na tarde de ontem (01/08), um cetáceo da espécie orca (Orcinus orca) encalhou na Praia de Guarajuba, município de Camaçari. Após tentativas de devolução pro mar e re-encalhe ainda mais desgastada, o Instituto Mamiferos Aquáticos e o Projeto Baleia Jubarte foram acionados e realizaram o atendimento em parceria, mobilizando equipes de veterinários e biólogos para o local.

Tratava-se de uma fêmea juvenil, medindo 3,7m, severamente debilitada, pouco responsiva e em estado nutricional ruim, expelindo odor pútrido na expiração e episódios de vômito, indicando um indivíduo com quadro patológico e sem condições de sobrevivência no ambiente natural sem o devido tratamento. Os veterinários decidiram então remover o animal da praia para uma piscina, por conta das condições ruins do mar, para que o mesmo recebesse suporte médico e realização de exames para diagnóstico e posterior soltura.

Com o apoio do Instituto do Meio Ambiente (INEMA-BA) e da Secretaria do Meio Ambiente de Camaçari, todo maquinário foi disponibilizado para o procedimento. Infelizmente a complexa operação de remoção foi impossibilitada pela condição geográfica do local de encalhe e a subida da maré, sendo cancelada. A orca foi medicada no local, recebeu fluidos, e passou a madrugada sendo monitorada, foi arrastada pela maré sem tentativa de reação, rolando diversas vezes sobre o próprio eixo, até o re-encalhe na manhã de hoje (02/08), possibilitando acesso da equipe para re-avaliação.

Os veterinários concluíram que o animal já estava em sofrimento prolongado, além de detectarem luxação de nadadeira peitoral, inviabilizando uma soltura e piorando o prognóstico.

Diante da situação, entendemos que, apesar da equipe não ter medido esforços para a recuperação desse indivíduo, alcançar o sucesso da operação se tornou uma questão de ego e resposta ao público, que colocava de lado o bem-estar animal. Foi tomada a difícil decisão, pelo bem do animal, de abreviar o seu sofrimento, optando pela eutanasia humanitária, que foi realizada de forma ética e indolor, através da administração endovenosa de anestésicos.

A carcaça será removida do local para realização de necropsia investigativa, visando identificar a causa do encalhe e contribuir para a conservação da espécie, que mantém o seu status de conservação em "Dados Insuficientes".

Agradecemos a todos os parceiros que realizaram um excelente e incansável trabalho em equipe durante esses dois dias e nos possibilitaram muito aprendizado e crescimento juntos. Apesar do desfecho, consideramos toda a operação um grande sucesso de integração institucional para um bem maior que deve ser preservado para situações futuras.

Equipe IMA.”




Sobre o possível motivo da Orca estar nesta região, a equipe do Projeto Baleia Jubarte comentou ainda: "No ano passado, no Sul da Bahia, pescadores fizeram outro registro de orcas, em comportamento de ataque a baleias-jubarte. É possível que elas frequentem a região para tentar predar sobre os filhotes recém-nascidos de jubartes."

E, de fato, acredito que seja possível que a população de Orcas visitando nossas águas possa aumentar justamente pela reprodução das Jubartes estarem em plena ascensão no Brasil.

Aguardemos o resultado na necrópsia para sabermos mais sobre esta pequena e seu estado de saúde. Qualquer novidade, compartilho por aqui.