Notícia surpreendente e triste para este começo de mês. Surpreendente pelo raríssimo fato tanto de uma Orca (filhote e aparentemente sozinha) estar na região quanto pelo encalhe em si, que também não é comum nessas condições. Com aflição, acompanhei a situação desde a divulgação de ontem e hoje divido os detalhes por aqui, através do comunicado do IMA (Instituto Mamíferos Aquáticos), cuja equipe atuou na tentativa de desencalhe e salvamento, mesmo que sem sucesso, da pequena Orca.
Segue:
“Na tarde de ontem (01/08), um cetáceo da espécie orca (Orcinus orca) encalhou na Praia de Guarajuba, município de Camaçari. Após tentativas de devolução pro mar e re-encalhe ainda mais desgastada, o Instituto Mamiferos Aquáticos e o Projeto Baleia Jubarte foram acionados e realizaram o atendimento em parceria, mobilizando equipes de veterinários e biólogos para o local.
Tratava-se de uma fêmea juvenil, medindo 3,7m, severamente debilitada, pouco responsiva e em estado nutricional ruim, expelindo odor pútrido na expiração e episódios de vômito, indicando um indivíduo com quadro patológico e sem condições de sobrevivência no ambiente natural sem o devido tratamento. Os veterinários decidiram então remover o animal da praia para uma piscina, por conta das condições ruins do mar, para que o mesmo recebesse suporte médico e realização de exames para diagnóstico e posterior soltura.
Com o apoio do Instituto do Meio Ambiente (INEMA-BA) e da Secretaria do Meio Ambiente de Camaçari, todo maquinário foi disponibilizado para o procedimento. Infelizmente a complexa operação de remoção foi impossibilitada pela condição geográfica do local de encalhe e a subida da maré, sendo cancelada. A orca foi medicada no local, recebeu fluidos, e passou a madrugada sendo monitorada, foi arrastada pela maré sem tentativa de reação, rolando diversas vezes sobre o próprio eixo, até o re-encalhe na manhã de hoje (02/08), possibilitando acesso da equipe para re-avaliação.
Os veterinários concluíram que o animal já estava em sofrimento prolongado, além de detectarem luxação de nadadeira peitoral, inviabilizando uma soltura e piorando o prognóstico.
Diante da situação, entendemos que, apesar da equipe não ter medido esforços para a recuperação desse indivíduo, alcançar o sucesso da operação se tornou uma questão de ego e resposta ao público, que colocava de lado o bem-estar animal. Foi tomada a difícil decisão, pelo bem do animal, de abreviar o seu sofrimento, optando pela eutanasia humanitária, que foi realizada de forma ética e indolor, através da administração endovenosa de anestésicos.
A carcaça será removida do local para realização de necropsia investigativa, visando identificar a causa do encalhe e contribuir para a conservação da espécie, que mantém o seu status de conservação em "Dados Insuficientes".
Agradecemos a todos os parceiros que realizaram um excelente e incansável trabalho em equipe durante esses dois dias e nos possibilitaram muito aprendizado e crescimento juntos. Apesar do desfecho, consideramos toda a operação um grande sucesso de integração institucional para um bem maior que deve ser preservado para situações futuras.
Equipe IMA.”
Sobre o possível motivo da Orca estar nesta região, a equipe do Projeto Baleia Jubarte comentou ainda: "No ano passado, no Sul da Bahia, pescadores fizeram outro registro de orcas, em comportamento de ataque a baleias-jubarte. É possível que elas frequentem a região para tentar predar sobre os filhotes recém-nascidos de jubartes."
E, de fato, acredito que seja possível que a população de Orcas visitando nossas águas possa aumentar justamente pela reprodução das Jubartes estarem em plena ascensão no Brasil.
Aguardemos o resultado na necrópsia para sabermos mais sobre esta pequena e seu estado de saúde. Qualquer novidade, compartilho por aqui.
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