Os sons de uma Orca "tagarela" foram gravados na África do Sul pela primeira vez, perto de Fish Hoek, na Baía Falsa, no final de janeiro. Os sons foram captados pelos pesquisadores Tess Gridley e Simon Elwen do Sea Search, uma organização sem fins lucrativos com sede em Muizenberg, que se concentra na pesquisa e conservação de mamíferos marinhos ao longo das costas da África do Sul e da Namíbia.
“Temos um grupo atento de avistamentos que é formado por observadores e operadores de passeios de observação de baleias e logo pela manhã nos informaram sobre a presença das Orcas”, disse Simon.
A Sea Search tem coordenado pesquisas acústicas e de biópsia em Orcas há dois anos em parceria com a Universidade de Pretória e a Universidade de Durham, no Reino Unido. Os sons captados foram de um macho adulto que já foi observado antes de passagem, mas nesta ocasião estava no local há mais tempo, provavelmente se alimentando (de arraias ou peixes, ainda não sabem afirmar).
“Acreditamos que este seja o primeiro registro/documentação de vocalizações de Orcas em águas sul-africanas. Sabemos que Orcas possuem dialetos complexos com grande repertório e tipos de sons e chamadas”, disse a pesquisadora Tess Gridley. O áudio também é importante para identificar diferentes ecótipos de Orcas e iniciar uma classificação dos animais na região.
Como as pesquisas estão bem no início estão ansiosos para obterem mais dados e já planejam coletar amostras de pele para análise genética e possivelmente se utilizarem de tags de monitoramento via satélite para acompanhamento da movimentação das Orcas.
Através da análise da pele é possível identificar sexo, parentesco, isolamento, história evolutiva e estrutura populacional. Eles também podem usar os isótopos estáveis de elementos da pele para avaliar a alimentação desde tubarões a sardinhas.
Toda essa movimentação de Orcas na região tem deixado os pesquisadores muito interessados, isso porque, até alguns anos atrás, elas eram raras na África do Sul, ainda mais na Cidade do Cabo. Mas em 2015, vários tubarões da espécie cação-bruxa foram encontrados mortos por mergulhadores num local famoso para esta atividade na área marinha protegida do Parque Nacional da Montanha da Mesa (Table Mountain). As mortes desses cações também coincidiram com um declínio dramático nos avistamentos de grandes tubarões brancos na Baía Falsa. Acredita-se que são as Orcas que estão por trás disso tudo, em especial uma dupla já muito famosa entre os pesquisadores do mundo todo. A dupla de “rapazes” Port e Starboard, facilmente identificáveis por possuírem a nadadeira dorsal tombada. Uma para a direita e outra para a esquerda, motivo dos nomes que, em Português, significam “Bombordo e Estibordo” (fazendo referência aos termos náuticos “Bombordo” à esquerda da embarcação e “Estibordo” à direita da embarcação). Só da presença deles em águas sul-africanas já há mais de 40 registros.
Outros grupos de Orcas são conhecidos por percorrerem grandes distâncias da Cidade do Cabo à Baía de Mossel, indo até Port Elizabeth.
“Nos últimos cinco anos, elas têm sido muito observadas, em especial, na Baía Falsa. Parte disso é porque tem muitos moradores próximos à costa e isso aumenta as oportunidades de observação. Mas essa subida e descida da quantidade de Orcas também pode estar associado a tendências ambientais mais amplas como as mudanças ambientais”.
Todas essas questões demonstram quão importante é o trabalho de estudo que está sendo iniciado pela Sea Search na África do Sul. Ele certamente trará muitas respostas.
P. S. : Em maio de 2017, eu já havia postado no Blog os casos de mortes de tubarões por Orcas na África do Sul e o curioso método de retirada “cirúrgica” do fígado desses animais. Acesse a postagem através do link:
http://v-pod-orcas.blogspot.com/2017/05/orcas-passaram-cacar-tubaroes-brancos.html
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