Estudo afirma que se houvesse maior quantidade de salmão da espécie chinook nas águas do Pacífico durante o inverno, as chances de sobrevivência das Orcas Residentes do Sul (ameaçadas de extinção) seriam muito maiores.
O fato de elas terem que ampliar o cardápio entre outubro e março anualmente nas águas da Califórnia se estendendo até o Alasca, as deixa com pouca energia, afirma o estudo publicado no início do mês pela revista científica Plos One.
Brad Hanson, Biólogo da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, disse que este é o primeiro estudo que analisa as necessidades alimentares das Orcas pela perspectiva delas próprias. Brad, Robin Baird e outros colegas coletaram e analisaram amostras de presas e fezes tanto de Orcas Residentes do Sul quanto do Norte desde 2004 e descobriram que o salmão chinook constitui quase toda a dieta delas durante a primavera, mas caindo para cerca de 70% no meio do inverno, e para apenas 50% durante o outono. Nesses períodos, identificaram que a alimentação foi complementada com salmão-prateado e salmão-keta, além de com outros peixes, incluindo o bacalhau-búfalo, o halibute e o linguado, que habitam regiões mais profundas do oceano.
Como se sabe, e já mencionado diversas vezes por aqui, elas dão preferência ao chinook por serem maiores, mais ricos em energia e fáceis de serem capturados. “Orcas se tornaram especialistas em chinooks provavelmente ao longo de dezenas de milhares de anos por causa da grande disponibilidade da espécie, mas agora acabam tendo que gastar muito mais energia para capturar peixes que as alimentam menos”, afirmou Robin Baird que também é Biólogo e pesquisador do Cascadia Research Collective de Washington.
Foto: Residentes do Sul por Ian McAllister (Pacific Wild) |
O estudo então concluiu que as Orcas não têm energia suficiente para armazenar a gordura que as ajuda na manutenção da temperatura corporal em águas frias. Isso as enfraquece e as tornam não só incapazes de se reproduzirem como, quando conseguem, têm grande dificuldade de amamentar os filhotes. Como amplamente conhecido, as populações de chinook caíram drasticamente nos últimos cem anos devido a ação humana, incluindo a agricultura, a construção de barragens, a atividade industrial e a destruição de estuários. Todas as 14 populações de salmão chinook preferidas pelas Orcas estão ameaçadas. Esses peixes entravam e saíam das águas costeiras em diferentes épocas do ano e garantiam um suprimento constante de alimento. “Supondo que houvesse um rio com 100 milhões de chinooks que voltassem todos na mesma época do ano”, disse Robin, “não seria tão benéfico quanto ter cem rios, cada um com um milhão de chinooks e estes voltassem em diferentes épocas do ano.”
Uma forma de garantir o constante suprimento de chinooks para as Orcas seria que a pesca fosse na foz dos rios depois das áreas onde elas se alimentam. “Infelizmente, não existe uma solução simples.” “A sobrepesca e a degradação em grande escala do habitat de desova e criação são algumas das maiores ameaças ao salmão chinook e, por extensão, às Residentes do Sul”.
As Orcas são predadores de topo, e, por conseguinte, indicadoras importantes do ecossistema. A redução em sua população evidencia um ambiente degradado que afeta a todos. “As Orcas são mensageiras importantes, a grande questão é se estamos as ouvindo ou não.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário