segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Altruísmo em alto mar? Jubartes protegem focas e outras presas das Orcas

Salvam focas, outras baleias e até peixes, contrariando todas as leis do mundo selvagem. Estudo sugere que podemos estar perante um caso raro de altruísmo interespécies. Mas também há instinto maternal.

Robert Pitman ficou intrigado quando observou a perseguição de um grupo de Orcas a uma foca, numa viagem à Antártida em 2009. Para surpresa do biólogo marinho, o instinto de sobrevivência da foca levou-a na direção de duas baleias jubarte que estavam por perto e a decisão não poderia ter sido mais acertada: o que parecia uma morte certa transformou-se num seguro de vida com cobertura total.
"Assim que a foca chegou à primeira baleia, o enorme animal rolou para ficar de costas e abraçou uma foca de 400 quilos no peito com as suas enormes barbatanas", contou então à Natural History Magazine. "Depois, com as Orcas a aproximarem-se, levantou-a e tirou-a da água" colocando-a num iceberg.
O fenômeno, que aos poucos interessou cada vez mais biólogos marinhos, aguçou-lhe a curiosidade. Uma espécie a proteger outra de uma terceira não encaixava muito bem nas leis do mundo selvagem. Será que tinha captado bem o que acabara de presenciar? Sete anos de estudo depois, estão aí as conclusões: sim, as baleias jubarte protegem mesmo as presas das Orcas, não apenas as focas mas também as baleias cinzentas e até alguns peixes.
Não é que as jubartes tenham assumido um papel de salvadoras da comunidade marinha de mamíferos. Não é suposto ser assim que a natureza funciona. Segundo o estudo de Robert Pitman, publicado no jornal Ciência dos Mamíferos Marinhos, a explicação está no instinto maternal que essas baleias possuem, por estarem habituadas a proteger as suas crias dos ataques de Orcas.
"As jubartes não são muito inteligentes. Elas têm uma maneira de lidar com isto que basicamente é impedir que as Orcas matem. E é esse desfecho que é importante para elas", explica Robert Pitman à cadeia televisiva CBC, do Canadá.
Se protegem as suas próprias crias, ou focas, ou outras baleias, ou peixes, das mandíbulas das Orcas, parece ser irrelevante para determinar o seu comportamento perante a ameaça. Certo é que é uma batalha de pesos pesados dos mares: as jubartes podem chegar à 40 toneladas e as Orcas, até 9.
Mas as conclusões do biólogo marinho americano deixam margem para outro tipo de explicações, ainda mais surpreendentes: "Não há benefício aparente para as jubartes continuarem a interferir quando outras espécies estão sendo atacadas. Não se pode descartar um caso de altruísmo interespécies, mesmo que não seja intencional."

Pois é: as leis do mundo selvagem não estão todas escritas; há ainda muito por descobrir.



Fonte: Site português Visão, de 15 de agosto de 2016.

P.S.: Fiz algumas adaptações no texto já que este foi traduzido da Reuters para Português de Portugal.




2 comentários:

  1. este blog é magnífico, adoro a suas postagens sobre as baleias. Tínhamos pouca informações sobre as orcas em português mas com esse blog a nossa informação aumentou muito, e isso é maravilhoso pra quem ama as orcas como eu. Parabéns

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    1. Olá, fico feliz que tenha me encontrado então.
      Não publiquei sua mensagem antes porque estranhamente entrou como spam. Venha sempre visitar e divulgar o blog.

      Um abraço

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