sexta-feira, 28 de junho de 2019

Orcas e belugas começam a ser soltas sem qualquer reabilitação ou preparo

Contrariando um pouco a tranquilidade que Jean-Michel Cousteau* tentou nos passar no vídeo que publiquei ontem, de fato, as duas Orcas e as seis primeiras belugas retiradas da prisão de baleias russa foram soltas no oceano... Sim, "apenas" soltas, ou melhor, jogadas!
Simplesmente, as despejaram no oceano após percorrerem os 1.800 km em seis dias de transporte em condições precárias e sem qualquer preparo de readaptação e/ou acompanhamento. Não havia qualquer estrutura preparada para recebê-las. O que pode parecer reação de alegria por parte das duas Orcas num vídeo divulgado não passa de comportamento de puro estresse. Não há nem como calcular o nível de cansaço físico e mental em que se encontravam... Sem dúvida estavam exaustas, confusas e muito traumatizadas.
Como todo o processo de libertação não foi registrado em vídeo (veio à público apenas alguns trechos), não há como saber quantas das oito baleias foram realmente soltas. Também não há como saber quantas delas sobreviveram ao transporte tão longo. Em um dos vídeos é possível observar grande quantidade de sangue no colchão de apoio, ou seja, algumas já saíram do transporte com ferimentos.








As pobres baleias foram despejadas perto do local onde as belugas foram capturadas e, aparentemente, nenhum esforço foi feito para ajudar as Orcas a encontrar o caminho de casa.
Depois de serem alimentadas por pessoas por cerca de um ano, em cercados precários, onde quase morreram congeladas, as baleias abandonadas, que perderam suas famílias e membros de seu pod durante a captura, agora terão que se defender sozinhas. Dentre as recomendações dos especialistas em reabilitação, estava a condição de serem libertadas todas juntas após um mínimo de dez dias de reabilitação no local de soltura para que pudessem descansar e reconhecer o antigo ambiente. Muitas das belugas eram bem bebês quando capturadas. O que será delas agora?
Tags via satélite foram implantados nas baleias para que possam ser monitoradas. Mas me pergunto se, caso venha a ocorrer algo negativo com elas, será que divulgarão?

Era um grande sonho que essas baleias fossem devolvidas ao mar, mas do jeito que esta primeira soltura foi feita, ficam muitas dúvidas sobre se conseguirão sobreviver.



* O The Whale Sanctuary Project que divulgou o vídeo publicado ontem aqui no blog e que se envolveu amplamente nos apelos de soltura, inclusive oferecendo seus especialistas para auxiliar em todo o processo, em nota no Facebook, disse que está se informando sobre a exata forma como tudo ocorreu e que assim que possível divulgará uma declaração comentando. Até o momento da publicação desta postagem, a nota ainda não tinha sido divulgada.

Assista aos vídeos da soltura na página "Free Russian Whales" através do link: https://www.facebook.com/freerussianwhales/?tn-str=k*F



quinta-feira, 27 de junho de 2019

Processo de soltura das baleias na Rússia é iniciado

Foi com alegria e muita esperança que há uma semana soube que o processo de devolução das Orcas e das Belugas presas na Rússia havia iniciado. Poucos dias depois, deparei-me com imagens e informações que me trouxeram preocupação. De acordo com diversos ativistas, os animais não pareciam estar sendo transportados em condições adequadas e a empresa responsável pelo transporte não estava sendo clara sobre os métodos utilizados e sobre as condições de saúde dos mesmos. No entanto, ontem assisti ao depoimento do Jean-Michel Cousteau sobre como tem sido o processo de soltura, o que me tranquilizou.
Segue vídeo (e sua tradução) para que também possam acompanhar.

É a primeira vez que algo assim ocorre...
Uma captura em larga escala que pode ter um final feliz.
Fiquemos atentos!

* * * * * 



A Rússia começou o processo de libertação das baleias que foram capturadas ilegalmente no ano passado no mesmo local em que viviam. Jean-Michel Cousteau e o The Whale Sanctuary Project divulgaram a seguinte declaração:




“Tenho acompanhado de perto o processo de libertação das Orcas e belugas capturadas ilegalmente no ano passado na Rússia, juntamente ao Charles Vinick e à nossa equipe internacional do The Whale Sanctuary Project. Quero elogiar o Presidente russo, Vladimir Putin, e os funcionários do governo por tomarem a decisão de libertá-las no local em que foram capturadas. Como o vice-premier Gordeyev disse na semana passada, essa foi "definitivamente a decisão mais correta".
“Seis belugas e duas orcas foram transportadas em uma operação longa e complexa e os olhos do mundo estão focados nesta difícil operação. Uma soltura nesta escala (10 Orcas e 87 belugas) nunca foi feita antes.
“Esse processo é tão importante e complexo que a Rússia deve contar com os melhores especialistas do mundo para ajudar onde for necessário. Estou atento às preocupações do público sobre a falta de transparência que temos visto até agora com a operação. Isto posto, recomendo que a Rússia inclua não só especialistas internacionais, mas observadores russos também para acompanhar. Declaro novamente que eu e nossa equipe estamos preparados para ajudar de todas as formas possíveis. Lembro-me que, quando estava em Moscou, o Ministro de Recursos Naturais Dmitry Kobylkin nos disse diretamente que todos nós devemos fazer parte de uma equipe unificada para fazer com que a soltura seja bem sucedida até o final.
“Vamos fazer tudo que está ao nosso alcance para garantir que a libertação seja um sucesso, para que o presidente Putin e todos nós possamos celebrar a incrível conquista de devolver 10 orcas e 87 belugas a suas famílias e ao seu lar. Este será um grande dia para os oceanos e para a humanidade!”

(Fotos e imagens Harry Rabin)




segunda-feira, 17 de junho de 2019

Visitas especiais à costa noroeste do Pacífico II

Aproveitando a notícia da rara visita de Orcas à False Creek em Vancouver que publiquei ontem, não podia deixar de registrar a ainda mais rara visita de uma Orca "branca" na mesma região!

O incrível avistamento ocorreu em Nanaimo, na Ilha de Vancouver, no Canadá, no final de maio. Daquele dia para cá, vários foram os registros da pequena Orca Transeunte em meio aos oito membros de seu pod. Um registro mais lindo que o outro.


Como citado na postagem anterior, Orcas Transeuntes se alimentam de pequenos mamíferos como focas e leões marinhos e não se encontram em situação de ameaça atualmente, pois algumas centenas delas transitam na região todos os anos.
Orcas com colorações mais claras têm sido observadas nas águas da região por décadas. O ecologista Jared Towers, da Fisheries and Oceans Canada, disse em entrevistas para jornais locais que o primeiro caso documentado de uma Orca com características assim fora em 1924 e seguido por mais avistamentos nas décadas de 1940 e 50 (todos na população Transeunte). "Em 1970, uma dessas orcas "brancas", pois havia mais de uma delas, foi capturada em Victoria", disse Jared Towers. "E acabou em um aquário em Victoria, onde morreu."



Desde a década de 1970, os avistamentos confirmados diminuíram. Cientistas dizem que a descoberta de maio perto de Nanaimo representa a primeira Orca esbranquiçada na Colúmbia Britânica em uma década.
Exatamente o motivo da aparência "desbotada" deste tipo de Orca permanece em grande parte um mistério para os cientistas. Pode ser uma condição comum chamada leucismo, que pode ser amenizada à medida que o animal envelhece, ou seja, há grandes chances de que esta baleia cresça e fique preta e branca como as demais. Também poderia ser uma condição genética mais séria, que é conhecida por causar morte prematura nas Orcas que portadoras da condição.
Uma coisa é concesso entre os especialistas: Não se trata de um animal albino. Isso pode ser comprovado pelo fato de ela ter a mancha branca acima dos olhos bem visível.
Fato é que definir a causa exata desta condição pode levar anos, portanto, como é possível que ela crescendo perca a tonalidade esbranquiçada, o que os pesquisadores realmente indicam é: se alguém tiver a sorte de vê-la, apenas curta este momento, pois ela não ficar assim para sempre:





domingo, 16 de junho de 2019

Visitas especiais à costa noroeste do Pacífico I

A semana que passou foi marcada por uma linda e rara visita à uma baía na cidade de Vancouver, no Canadá. Quatro Orcas Transeuntes passearam tranquilamente pelos menores canais de False Creek. Foi a primeira vez que registraram a passagem de Orcas por esses canais desde que começaram a efetuar o registro no ano 2000.
Dentre as quatro Orcas estava um macho identificado como T124C. Orcas Transeuntes, diferentemente das Residentes, que se alimentam exclusivamente de uma espécie de salmão, alimentam-se de focas e leões marinhos e também diferentemente delas, não são consideradas como população ameaçada de extinção. No momento, as Residentes (somando os Pods J, K e L) possuem 74 membros, já as Transeuntes somam 304 transitando mais próximo à costa e, 217, transitando em regiões mais afastadas da costa.



"Normalmente, podemos vê-las perto de Point Grey, às vezes em Burrard Inlet ou Howe Sound", disse Jessica Torode da Rede de Avistamentos de Cetáceos da Colúmbia Britânica, acrescentando que elas provavelmente estavam procurando por comida.
"Possivelmente estavam lá em busca de focas", disse ela. "Temos uma população de focas bem saudável em Vancouver, e agora é uma temporada de pupilas."
As Orcas permaneceram transitando pelos canais até o início da noite possibilitando uma série de registros por parte de moradores e turistas, além de barcos de observação de baleias, que passavam pela região. Assista a um desses registros abaixo:





quinta-feira, 13 de junho de 2019

Lei que proíbe baleias e golfinhos em cativeiro é aprovada no Canadá

Aprovado no dia 10 de junho de 2019 pelo Parlamento do Canadá, o Bill S-203 (também conhecido como "Free Willy"), é um projeto de lei que proíbe a utilização, reprodução e impregnação de qualquer cetáceo (mamíferos marinhos), bem como a posse de seu espermatozoide ou embrião.
A multa pela violação desta lei, pode chegar a 200.000 dólares canadenses. No entanto, este projeto de lei contém algumas exceções: os animais que já estiverem em cativeiro continuarão lá para reabilitação de lesões ou para a realização de pesquisas científicas autorizadas.
De acordo com a diretora executiva da Animal Justice, Camille Labchuk:
“Este é um momento decisivo para as baleias e os golfinhos, e poderoso reconhecimento de que nosso país não aceita mais aprisionar animais inteligentes e sensíveis em tanques pequenos para entretenimento".
O projeto Free Willy ainda não virou uma lei definitiva, pois precisa da aprovação real. Porém, essa aprovação do escritório do governador geral é mais uma formalidade para a legislação canadense, afirmou o site 9CAG que veiculou a notícia.
Em reportagem aos jornais canadenses, Elizabeth May, líder do Partido Verde, declarou:
"Hoje é um bom dia para os animais no Canadá. Muitos cientistas testemunharam por que é fundamental deixarmos de manter os cetáceos em cativeiro. Entendemos porque, obviamente, não são semelhantes a outros animais, por exemplo, gado. Os cetáceos exigem o oceano, exigem o espaço, exigem comunicação acústica a longas distâncias".
Elizabeth May patrocinou esse projeto em 2015 e hoje finalmente ele foi liberado. Esperamos que essa atitude se expanda para outros países que também praticam entretenimento com animais, ganhando dinheiro em cima deles, como se eles fossem objetos de decoração. Todos os animais são livres e merecem os mesmos direitos que nós, seres humanos!



Fonte: Site Green me de 12 de junho de 2019.