Os cientistas estão tentando entender por que orcas da Península Ibérica começaram a atacar navios à vela. Uma nova pesquisa sugere que esses animais provavelmente foram feridos durante encontros anteriores com barcos e podem estar agindo de forma vingativa.
É 2020, então é claro que orcas estão atacando barcos. Desde julho, os cientistas registraram 33 interações distintas envolvendo veleiros e orcas, das quais seis foram observadas no Estreito de Gibraltar, cinco na costa portuguesa e 22 perto da Galícia.
Em resposta, as autoridades espanholas proibiram temporariamente pequenos iates de navegar em um trecho ao longo da costa ibérica, já que as orcas pareciam ter como alvo barcos de médio porte, medindo 15 metros ou menores.
As interações pareciam ser deliberadas e coordenadas, com sessões que duravam mais de uma hora. Aproximadamente um terço desses encontros causaram danos aos barcos. Os animais visavam a parte mais fraca da embarcação: o leme, de acordo com um grupo de trabalho internacional de especialistas em cetáceos que estudou o assunto.
Os cientistas não conseguiram explicar o comportamento estranho, citando estresse causado pela falta de comida ou aborrecimento com a retomada da atividade humana após o período de quarentena.
Duas das orcas que atacaram, Gladis Branca e Gladis Negra, exibindo ferimentos recentes. Imagem: Rafael Fernández/Grupo de Trabalho Internacional Orca Atlântica
Para saber o que está acontecendo, o grupo de trabalho — que inclui os biólogos marinhos Alfredo López, da Universidade de Aveiro, em Portugal, e José Cedeira, da Coordinadora para o Estudo dos Mamíferos Mariños (CEMMA) — observou fotografias recentes e de arquivo de orcas conhecidas por frequentar essas águas. Surpreendentemente, os biólogos descobriram que três orcas juvenis estavam envolvidas em 61% dos incidentes. Dois adultos também participaram, mas não foram identificados, de acordo com um comunicado enviado por e-mail.
Os três juvenis, chamados Gladis Negra, Gladis Branca e Gladis Cinza, já são conhecidos pela equipe. Evidência fotográficas sugerem que dois deles — Gladis Negra e Gladis Branca — sofreram uma série de ferimentos físicos entre 20 de junho e 3 de agosto.
A equipe mapeou os ferimentos e identificou que eles foram provavelmente causados por atropelamentos com barcos. Esses ferimentos foram o resultado de colisões das orcas com os barcos que passavam, mas a equipe diz que alguns deles podem ter sido causados por elas tentarem agarrar peixes em linhas de pesca.
Lesões mapeadas no corpo da Gladis Negra. Imagem: International Working Group of Atlantic Orcas/Tokio/Turmares Tarifa/Rafael Fernández
As orcas juvenis são “comumente observadas se aproximando de barcos de vários tipos, provavelmente devido à sua curiosidade”, segundo os especialistas. A popa é “especialmente atraente para cetáceos em geral e para orcas em particular”, pois contêm “estruturas móveis e barulhentas”. Dito isso, os encontros desde julho são “considerados inéditos devido aos repetidos contatos físicos dos animais com a estrutura dos navios”, conforme explicam os biólogos no comunicado.
Assim, os pesquisadores atribuem esse comportamento “estranho e novo” a um “incidente adverso” envolvendo as orcas e um barco, no qual a velocidade do barco desempenhou um papel potencialmente importante. Até o momento, ainda não há evidências claras de “quando ou se realmente aconteceu”, e os cientistas não podem confirmar que tipo de embarcação estava envolvida ou se o incidente foi acidental ou deliberado.
Apesar disso, os cientistas dizem que esse evento lamentável é provavelmente o responsável pelo comportamento, que começa na presença de um barco em movimento rápido e termina com um movimento aparentemente defensivo, em que as orcas conseguem parar o barco ao destruir seu leme. Para ser justo, no entanto, elas são superpredadoras (ou seja, um tipo de predador que está no topo de uma cadeia alimentar), então suas ações podem ser melhor descritas como sendo de natureza ofensiva.
Os especialistas não descartaram a possibilidade de que esse comportamento seja causado pela curiosidade das orcas. É também uma atividade muito gratificante (apesar dos danos), já que a ação resulta em um objeto bastante grande parando ou desacelerando consideravelmente — essas orcas juvenis podem na verdade estar atacando por diversão, ao invés de rancor. Ou então essas orcas são progressistas radicais e estão fazendo isso para ferrar com o 1% da sociedade e seus iates luxuosos.
O fato é que não sabemos; é difícil para os cientistas inferir a causa do comportamento de um animal, e este caso não é exceção.
Nenhum humano foi ferido durante esses encontros, mas isso obviamente não é bom para as orcas, já que está alterando seu comportamento normal e pode eventualmente levar a machucados mais graves. Seja qual for o motivo, esperemos que a hostilidade acabe logo.
Tradução do artigo do Professor de Neurociência do Colorado College,
Bob Jacobs, publicado pelo Jornal Acadêmico “The Conversation”
em 24 de setembro de 2020
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A crueldade neural do cativeiro: a manutenção de grandes mamíferos em zoológicos e aquários gera danos cerebrais
Hanako, uma elefanta asiática, viveu em um pequeno cercado de concreto no Zoológico japonês Inokashira Park por mais de 60 anos, a maior parte do tempo acorrentada, sem ser estimulada. Na natureza, os elefantes vivem em manadas com fortes laços familiares, já a Hanako viveu a última década de sua vida sozinha.
Kiska, uma jovem orca, foi capturada em 1978 na costa da Islândia e levada para o aquário e parque de diversões Marineland, no Canadá. Orcas são animais sociais que vivem em grupos familiares com até 40 membros, já Kiska vive sozinha em um pequeno tanque desde 2011. Todos os seus cinco filhotes morreram e para lidar com o estresse e o tédio, nada apaticamente em círculos intermináveis, além de desgastar brutalmente seus dentes (até alcançar a polpa) no concreto do tanque.
Infelizmente, essas são condições comuns para muitos mamíferos de grande porte em cativeiro para a indústria do “entretenimento”. Em décadas de estudo do cérebro de humanos, elefantes africanos, baleias Jubarte e outros grandes mamíferos, observei a grande sensibilidade do órgão ao meio ambiente, incluindo sérios impactos em sua estrutura e função por viverem em cativeiro.
Problemas de saúde e mudanças de comportamento
É fácil observar as consequências psicológicas e de saúde na vida em cativeiro. Muitos elefantes sofrem de artrite, obesidade ou problemas de pele. Tanto os elefantes quanto as Orcas costumam ter graves problemas dentários e é comum que Orcas desenvolvam pneumonias, infecções, doenças renais e gastrointestinais.
Muitos desses animais tentam lidar com o cativeiro adotando comportamentos anormais sendo que alguns desenvolvem “estereotipias”, que são hábitos repetitivos e sem propósito, como balançar a cabeça constantemente, sacudir incessantemente ou mastigar a grade dos cercados. Outros, especialmente os grandes felinos, caminham no entorno do cativeiro sem parar. Já os elefantes ficam roçando suas presas ou até as quebram.
Alteração na estrutura cerebral
Pesquisas neurocientíficas indicam que viver em um ambiente cativo empobrecido e estressante danifica fisicamente o cérebro. Essas mudanças foram documentadas em muitas espécies, incluindo roedores, coelhos, gatos e humanos.
Apesar de os pesquisadores estudarem diretamente o cérebro de alguns animais, a maior parte do que se sabe vem da observação do comportamento, da análise dos níveis de hormônio do estresse no sangue e da aplicação do conhecimento obtido em meio século de pesquisas em neurociência. Pesquisas laboratoriais também sugerem que os mamíferos em um zoológico ou aquário têm função cerebral comprometida.
Subsistir em ambientes confinados e enfadonhos, sem estimulação intelectual ou contato social apropriado, parece afinar o córtex cerebral, a parte do cérebro envolvida no movimento voluntário e nas funções cognitivas superiores, incluindo a memória, o planejamento e a tomada de decisões.
Existem outras consequências como o encolhimento dos capilares, o que impede o cérebro de receber o sangue rico em oxigênio necessário para sua sobrevivência, e a diminuição do tamanho dos neurônios e seus dendritos (ramos que formam conexões com outros neurônios) que têm sua complexidade diminuída, o que prejudica a comunicação dentro do cérebro. Como resultado, os neurônios corticais de animais cativos processam informações com menos eficiência do que aqueles que vivem em ambientes naturais e estimulantes.
A saúde cerebral também é afetada devido ao espaço reduzido impedir os exercícios necessários, pois a atividade física aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro o que requer grandes quantidades de oxigênio. O exercício aumenta a produção de novas conexões e melhora as habilidades cognitivas.
No habitat, esses animais precisam se mover para sobreviver e se deslocam por grandes distâncias para se alimentar ou encontrar um parceiro. Os elefantes normalmente viajam de 25 a quase 200 quilômetros por dia, já num zoológico, esse deslocamento não passa de uma média de cinco quilômetros por dia, geralmente indo e voltando em pequenos cercados. Uma Orca selvagem estudada no Canadá percorria até 250 quilômetros por dia; enquanto isso, um tanque de tamanho médio de uma Orca possui uma área 10 mil vezes menor do que a que circularia na natureza.
Alteração da química cerebral e a morte de celular
Viver em recintos que restrinjam ou evitem o comportamento normal gera frustração e tédio crônicos. Na natureza, o sistema de resposta ao estresse de um animal o ajuda a escapar do perigo. Mas o cativeiro prende os animais com quase nenhum controle sobre seu ambiente. Essas situações estimulam o desamparo aprendido, impactando negativamente o hipocampo, que controla as funções da memória, e a amígdala, que processa as emoções. O estresse prolongado eleva os hormônios do estresse e danifica ou até mata neurônios em ambas as regiões cerebrais. Também perturba o delicado equilíbrio da serotonina, um neurotransmissor que, entre outras funções, estabiliza o humor.
Em humanos, a privação pode desencadear problemas psiquiátricos, incluindo depressão, ansiedade, transtornos de humor ou transtorno de estresse pós-traumático. Elefantes, Orcas e outros animais com cérebros grandes podem reagir de maneira semelhante em um ambiente extremamente estressante.
Conexão danificada
O cativeiro pode danificar os circuitos complexos do cérebro, incluindo os gânglios da base. Esse grupo de neurônios se comunica com o córtex cerebral ao longo de duas redes: uma via direta que aumenta o movimento e o comportamento e uma via indireta que os inibe.
Os comportamentos repetitivos e estereotipados que muitos animais adotam em cativeiro são causados por um desequilíbrio de dois neurotransmissores, dopamina e serotonina. Isso prejudica a capacidade da via indireta de modular o movimento, uma condição documentada em várias espécies desde galinhas, vacas, ovelhas e cavalos a primatas e grandes felinos.
A evolução construiu cérebros de animais para serem primorosamente responsivos ao ambiente. Essas reações podem afetar a função neural, ativando ou desativando diferentes genes. Viver em circunstâncias inadequadas ou abusivas altera os processos bioquímicos: perturba a síntese de proteínas que constrói conexões entre as células cerebrais e os neurotransmissores que facilitam a comunicação entre elas.
Há fortes indícios de que o estímulo, o contato social e o espaço adequado em ambientes mais naturais são necessários para animais com alta expectativa de vida e que possuem cérebros grandes, como os elefantes e os cetáceos. Melhores condições diminuem comportamentos estereotípicos perturbadores, melhoram as conexões cerebrais e desencadeiam mudanças neuroquímicas que aumentam o aprendizado e a memória.
A questão do cativeiro
Algumas pessoas defendem a manutenção de animais em cativeiro, argumentando que isso ajuda a conservar espécies ameaçadas ou oferece benefícios educacionais para visitantes de zoológicos e aquários. Essas justificativas são questionáveis, especialmente para grandes mamíferos. Como evidencia minha pesquisa e o trabalho de muitos outros cientistas, enjaular grandes mamíferos e colocá-los em exibição é inegavelmente cruel do ponto de vista neural. Isso causa danos cerebrais!
A percepção do público sobre o cativeiro está mudando lentamente, como mostra a reação ao documentário “Blackfish”. Para os animais que não podem ser livres, existem santuários bem planejados. Já existem vários para elefantes e outros grandes mamíferos nos EUA (Tennessee e norte da Califórnia), bem como no Brasil. Assim como outros estão sendo desenvolvidos para grandes cetáceos, e, talvez, não seja tarde demais para Kiska.
A Ministra do Meio Ambiente da França anunciou uma proibição gradual da
manutenção de Orcas e golfinhos em cativeiro, do uso de animais selvagens em
circos itinerantes e da criação de visons para extração da pele.
Barbara
Pompili, Ministra de transição ecológica, disse hoje em entrevista coletiva que
ursos, tigres, leões, elefantes e outros animais selvagens não serão mais
permitidos em circos itinerantes "nos próximos anos". Além disso, de imediato,
os três parques marinhos franceses já estão proibidos de adquirir/trazer mais
Orcas e golfinhos para viverem em seus tanques, bem como desenvolver programas
de reprodução em cativeiro. “É hora de abrir uma nova era em nosso
relacionamento com esses animais”, disse ela, argumentando que o bem-estar
animal é uma prioridade.
A Ministra disse ainda que as medidas também vão acabar
com a criação de visons para obtenção da pele nos próximos cinco anos. A
proibição não se aplica a animais selvagens em outras apresentações e zoológicos
permanentes.
Apesar de não estabelecer uma data, com relação à proibição de
circos itinerantes, ela disse que o processo deve começar “o mais rápido
possível” e informou que o destino dos animais deve ser tratado “caso a caso”.
O
governo francês implementará um pacote de 8 milhões de euros (9,2 milhões de
dólares) para auxiliar na transição das atividades por parte dos trabalhadores
desses circos e parques marinhos. “Essa transição se estenderá por vários anos,
já que mudará a vida de muita gente”, disse ela.
A notícia não deixa de ser uma vitória e, se mantida, pode ser um grande exemplo para demais países. No entanto, queria apenas lembrar que, em 2017, o governo francês já havia imposto restrições para cativeiro e reprodução de Orcas e golfinhos, mas a medida foi revogada após os próprios parques acessarem a justiça alegando que aquilo seria o fim de seu negócio.
Fiquemos na torcida de que, dessa vez, seja definitivo!
Este mês foi marcado pelos nascimentos de dois filhotes no Pod J, pertencente à população das Orcas Residentes do Sul, do noroeste do Pacífico. E cada um por uma razão, foram ocorrências muito especiais.
O primeiro foi três semanas atrás, no dia 4. J35, também conhecida como Tahlequah, deu à luz J57. Mas por que seria especial? Porque dois anos atrás, esta fêmea comoveu o mundo após passar nada menos que 17 dias, por cerca de 1600 km, empurrando seu filhote morto. A notícia de sua gestação (confirmada por imagens de drones) ocorreu em julho deste ano, e todos aguardavam ansiosos por um nascimento saudável. Na semana passada, também foi possível confirmar o sexo do filhote. É um macho e ele segue saudável.
Imagem: Sara Hysong-Shimazu
O segundo nascimento ocorreu na última quinta-feira, dia 24. Dessa vez foi a Orca identificada por J41, também conhecida por Eclipse, cujo primeiro filhote, J51, nasceu em 2015. “Estamos muito contentes em saber que a J41 teve mais um filhote”, disse o Ken Balcomb, fundador do Center for Whale Research. “Mas ainda é muito cedo para definir o estado do filhote, precisamos de mais observações antes de divulgar suas condições de saúde e determinar uma identificação definitiva”, completou ele.
E a parte especial deste outro nascimento é que algumas pessoas tiveram a sorte de presenciá-lo! Sim, os sortudos estavam acompanhados das naturalistas Talia Goodyear e Leah Vanderwiel a bordo do do Pacific Explorer do Orca Spirit Adventures (empresa de observação de baleias) da costa de Victoria, na Colúmbia Britânica, Canadá.
Imagem: Talia Goodyear
“Nós logo identificamos a J41, a sudoeste de Race Rocks”, contou Talia. “Ela parecia estar sozinha no momento e ficou próxima à superfície por alguns minutos e, depois de submergir por um bom tempo, emergiu e parecia que estava empurrando algo com o rostro.”
“Demorou um pouco até entendermos realmente o que estava acontecendo”, acrescentou ela, “chegamos a nos perguntar se se tratava realmente de uma Residente do Sul e que, de repente, aquilo poderia ser uma foca”. Mas, para a alegria de todos, o nascimento foi confirmado no dia seguinte pela equipe do Center for Whale Research.
Até 31 de dezembro de 2019, havia 73 Orcas nos pods J (22), K (17) e L (34), que constituem as Residentes do Sul. Dois novos filhotes significariam 75 em toda população.
Há algumas semanas têm surgido diversos relatos e vídeos de Orcas acompanhando e atacando embarcações na costa europeia. Tenho acompanhado atentamente às informações, pois, de fato, são totalmente inéditas e têm intrigado pesquisadores do mundo todo que não estão encontrando uma explicação significativa para tais ocorrências. Diversos veículos divulgaram informações e imagens, mas muitas vezes desencontrados... atribuindo o mesmo vídeo a diferentes datas e ocasiões. Enquanto isso, aguardei o manifesto de especialistas da região (que seria o mais indicado, já que conhece melhor o comportamento desses grupos de Orcas), mas como até o momento não houve um consenso, apenas gostaria de registrar aqui a ocorrência desses casos, compartilhando uma das matérias mais abrangentes sobre o tema publicada pelo UOL aqui no Brasil.
Acredito que o mais preocupante nesta situação seja a própria reação de pescadores com relação a essas Orcas, caso isso siga acontecendo. Se for uma real disputa pela pesca na região, é possível que esses animais também corram risco. Mas vamos continuar acompanhando os relatos e avaliação dos pesquisadores locais. Seguirei compartilhando pelo Twitter e Facebook os relatos mais relevantes. Acompanhem!
Antes, para ilustrar bem os casos, compartilho um vídeo que mostra três desses ataques, dois na Galícia nos dias 30 de agosto e 14 de setembro, e outro no Cabo Prior no último dia 11:
(para assistir ao vídeo pelo celular, clicar em "Visualizar versão para web" ao final da página)
OBSERVAÇÃO: Lembrando que esses casos se referem aos registrados próximos à costa portuguesa e espanhola somente. Um caso recente de Orcas avistadas aqui na Bahia e que alguns títulos de matérias em veículos de comunicação deram a falsa ideia de que os barcos haviam sido "perseguidos" ou também "atacados" pelas Orcas não são verdadeiros, pois o comportamento demonstrado pelos animais na ocasião é o normalmente observado em todos os oceanos: Orcas curiosas, acompanhando a embarcação obviamente em áreas de pesca, nada além!
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"O que pode explicar os ataques de orcas contra barcos na Espanha"
Por Jorge de Souza (19/09/20)
Nos últimos dois meses, o litoral da Galícia, na costa da Espanha, tem sido palco de acontecimentos que estão deixando os cientistas intrigados e os donos de barcos bastante assustados. Ali, desde o início de julho, já foram registrados 22 casos de incidentes (para muitos, autênticos ataques) de orcas, cetáceos da família dos golfinhos, erroneamente conhecidas como "baleias assassinas", contra pequenos barcos de passeio.
Os dois casos mais recentes aconteceram esta semana (14 de setembro) e seguiram o mesmo padrão das ocorrências anteriores: um grupo de orcas (não se sabe se o mesmo) cercou dois barcos que navegavam na mesma região e passou a desferir golpes e esbarrões mais violentos na parte submersa dos cascos, gerando apreensão e medo nos seus ocupantes.
Um caso atrás do outro
O primeiro caso aconteceu no início do verão europeu, quando um veleiro de bandeira inglesa passou quase uma hora sendo seguidamente abalroado por um grupo de nove orcas naquela parte da costa espanhola, até que, por fim, teve o seu leme avariado pelos choques com os animais e precisou ser rebocado.
A partir daí, os casos foram se sucedendo com uma frequência cada vez mais intensa, mas sempre com o mesmo padrão de comportamento: as orcas se aproximam dos barcos e passam a golpeá-los, aparentemente sem nenhum motivo.
Algumas orcas chegam a morder partes submersas dos barcos, num comportamento tão incomum quanto preocupante.
"Arrancaram o barco das minhas mãos"
Até agora, nenhum barco afundou por conta dos choques provocados pelas orcas, mas todos ficaram à deriva e tiveram que ser rebocados, depois de pedir ajuda pelo rádio às autoridades marítimas – que, por isso mesmo, estão emitindo alertas a todas as embarcações para que evitem contato e fiquem longe das orcas.
Mas como, se são elas que se aproximam dos barcos? No mês passado, aconteceram diversos casos – sempre na mesma região. Um casal inglês que navegava com seu veleiro durante a noite chegou a sentir o barco ser "erguido" pelos animais, depois se sucessivas pancadas no casco.
Em outro caso, um novíssimo veleiro que estava sendo levado para ser entregue ao seu dono, foi golpeado "pelo menos 15 vezes", de acordo com o comandante do barco, o inglês Justin Crowther, e acabou também perdendo o leme. "Elas praticamente arrancaram o veleiro das minhas mãos", disse ele, ao ser rebocado nas imediações da cidade de La Coruña.
“O barulho era assustador. As orcas se jogavam de encontro ao barco, enquanto assobiavam alto, como se estivessem coordenando o ataque. Em certo momento, fizeram o nosso barco girar 180 graus. Achei que íamos capotar”, contou a bióloga inglesa Victoria Morris, que era uma das tripulantes do veleiro na ocasião.
Já o caso que teve maior repercussão foi o do veleiro da Armada Espanhola, Mirfak, com experientes marinheiros a bordo, que foi atacado na mesma região por um grupo de orcas, que não sossegou enquanto não arrancou o leme do barco para, em seguida, passar a mordê-lo na superfície, para espanto da tripulação. "Nunca vi isso", disse um dos marinheiros.
Três ataques no mesmo dia
Este mês, está sendo ainda pior. Na segunda semana do mês, em menos de 24 horas, três barcos foram atacados na mesma área, possivelmente pelo mesmo grupo de orcas.
O primeiro ataque aconteceu logo após a meia noite da última segunda-feira e envolveu o veleiro francês Amadeus, que tinha um casal a bordo. Três horas depois, a vítima foi o veleiro espanhol Urki 1, no qual viajavam dois casais.
E, no mesmo dia, à tarde, foi a vez do veleiro inglês Aliana, que levava dois amigos.
Nos três casos, o leme dos barcos foram seriamente avariados pelos impactos, mas ninguém se feriu.
O que dizem os especialistas
Os especialistas em animais marinhos ainda não sabem exatamente por que tantos casos assim vêm ocorrendo naquela parte da costa espanhola este ano. "Isso é bem incomum", diz a coordenadora de Estudo dos Mamíferos Marinhos da Galícia, que tem a mesma opinião do especialista em cetáceos Ezequiel Cazalla, que classificou os episódios como "muito estranhos".
Mas todos são unânimes em afirmar que não se trata de um fenômeno inédito, porque, todos os anos, durante o verão europeu, as orcas se aproximam bastante da costa entre Portugal e a Espanha em busca de cardumes de atum, um dos seus alimentos preferidos. "Este ano, porém, a quantidade de barcos na região aumentou bastante, o que pode ter facilitado estes “encontros”", arrisca um dos técnicos, sem, contudo, muita convicção.
“As orcas podem também estar estressadas com o intenso movimento de barcos, já que isso atrapalha a captura dos atuns”.
Orcas versus pescadores
Em algumas áreas do mar espanhol, a velha disputa entre orcas e pescadores pelos cardumes de atum já gerou tensos embates. Na região de Gilbraltar, os pescadores costumam se guiar pelas orcas para localizar os cardumes e, ao chegarem lá, tentam afugentá-las, o que, às vezes, gera retaliações dos animais.
Por outro lado, as orcas já aprenderam a roubar atuns das linhas dos pescadores, deixando-os apenas com as cabeças dos peixes, o que só faz aumentar a rivalidade. Mas é pouco provável que as orcas que estão atacando os barcos na costa espanhola sejam as mesmas que frequentam as águas de Gilbratar ou que estejam "se vingando" contra os barcos errados.
“Os pesquisadores ainda não têm todas as respostas, mas é certo que por trás do comportamento incomum daqueles animais, estão os cardumes de atum, que costumam se aproximar da costa espanhola nesta época do ano. E, junto com eles, chegam as orcas.
Seriam brincadeiras?
O biólogo marinho Bruno Díaz, do Instituto de Pesquisas de Golfinhos acredita, porém, que há, sim, um envolvimento grupal das orcas no caso dos ataques na região da Galícia. "Talvez seja um único grupo que esteja causando tudo isso, já que alguns incidentes aconteceram bem próximos uns dos outros. E pode ser que isso esteja acontecendo porque, neste grupo, podem haver indivíduos jovens, que são naturalmente mais curiosos acerca dos barcos”, pondera o especialista.
Orcas se aproximarem dos barcos não é algo nada raro, já que elas têm o mesmo comportamento dos golfinhos. Mas, no caso da Espanha, o que tem chamado a atenção é a forma como essas aproximações têm se dado – com trombadas intencionais nos cascos. "Pode ser que algumas orcas mais jovens gostem de brincar com os lemes dos barcos, já que eles se movimentam", pondera outro especialista, Alfredo López.
"O problema é que o leme é justamente a parte mais vulnerável e importante para a navegação de qualquer barco. E o simples contato com um animal de peso, como as orcas, invariavelmente resulta em quebra do equipamento, o que deixa os barcos à deriva, numa situação que pode perigosa", avalia.
Mesmo assim, López descarta qualquer possibilidade de ataques intencionais das orcas contra os ocupantes dos barcos. "Não há evidências, em nenhuma parte do mundo, de ataques premeditados de orcas contra seres humanos e elas tampouco saltam propositalmente sobre os barcos para afundá-los", tranquiliza. "Mas acidentes mais sérios causados por essas colisões podem, sim, acontecer", reconhece.
Afundados por uma baleia
A colisão entre grandes seres marinhos (baleias, principalmente) e pequenos barcos é algo bem mais frequente do que parece. E nem sempre sem maiores consequências para as embarcações.
Ao contrário, ser abalroado acidentalmente por uma baleia no meio do oceano é uma das maiores preocupações dos donos de veleiros, um tipo de barco naturalmente silencioso, já que é movido pelo vento, não por um motor, o que nem sempre faz com os animais detectem a sua aproximação. E, quando isso acontece, as consequências para os barcos podem ser trágicas.
Um dos casos mais famosos do gênero foi o dos ingleses Maralyn e Maurice Bailey, cujo barco foi atingido por uma baleia no meio do Pacífico e afundou, deixando o casal em dois minúsculos botes infláveis, sem água nem comida, por impressionantes 118 dias – até que, milagrosamente, foram resgatados. Depois disso, o casal passou a se dedicar ao estudo do comportamento das baleias, num curioso caso de admiração em vez de raiva*. No caso das orcas, são bem mais ágeis e as chances de incidente assim acontecer são praticamente desprezíveis.
Mas as consequências de uma pancada mais forte ou mordida no casco podem ser bem maiores do que um simples susto, como vem acontecendo na costa da Espanha, onde a primeira coisa que os donos de barcos estão fazendo a verem orcas na superfície é fugir delas.
Saiba mais sobre o intrigante caso do casal Bailey clicando no seguinte link:
Uma Orca Transeunte, cujo nome foi inspirado na luz da lua, fez uma aparição surpresa no estado americano do Alasca, no último dia 7, para a alegria dos pesquisadores da área e entusiastas da vida selvagem.
Conhecida pelos cientistas como T46-B1B, a rara orca branca Tl'uk (nome na língua Halq'eméylem da costa do noroeste americano) nasceu em 2018 e foi avistada ao sul de Puget Sound se deslocando até o norte do Alasca.
A Bióloga Marinha Stephanie Hayes observou a pequena Orca do navio de pesquisa de baleias Northern Song, onde estava trabalhando. A tripulação estava em busca de baleias jubarte perto de Juneau quando a avistaram à costa da cidade alasca de Kake. A princípio identificaram que era um pod de Transeuntes e, em seguida, observaram a Orca branca reluzindo na água.
Ao checarem as informações, descobriram que era a primeira vez que ela era vista tão ao Norte. E não parou por ali... Poucos dias depois, a Bióloga a observou novamente na costa da cidade de Petersburgo, também no Alasca, e, dessa vez, conseguiu registrar melhor as imagens. “Tivemos a chance de observar a Tl'uk caçando focas”, disse ela. “Muito bom saber que é um membro super ativo e saudável do pod.”
Embora a causa da pele clara da Tl'uk ainda seja desconhecida, a Stephanie acredita que seja um caso de leucismo, uma condição que diminui a pigmentação da pele. A baleia não é totalmente branca, suas manchas características ainda são bem visíveis, mas o pigmento de sua pele está apagado.
Em outubro, a Tl'uk foi avistada nas águas de Nanaimo (Ilha de Vancouver, Canadá) por um grupo de observação de baleias de Port Angeles.
A Bióloga acrescentou ainda que, com o tempo, os cientistas serão capazes de acompanhar e documentar os impactos de sua cor em seu desenvolvimento, pois, por ser clara e tão mais visível às presas, ela pode ter dificuldade de caçar sozinha. Será importante para avaliar também se ela teria alguma dificuldade de se relacionar com outros pods ou se apresentaria algum problema de saúde devido à sua condição.
Há mais sobre Orcas brancas no blog! Não deixe de pesquisar mais informações no campo de busca ao lado*.
* Para acessar o campo de busca, caso esteja acessando o blog pelo celular, clique em “Visualizar versão para a web” logo abaixo. O campo de “Pesquisa” estará à esquerda, abaixo da lista de postagens. Divirta-se!
Em tempos nunca antes imaginados de isolamento social, quando a maioria absoluta de nós sentiu a angústia, o medo, as inseguranças do desconhecido, e pelo fato de termos tido que nos afastar da nossa rotina diária, trabalho, escola, da nossa família e amigos, e de tudo que considerávamos “normal”, mesmo que no conforto do nosso lar, pudemos sentir na pele quão ruim é viver afastado de tudo e de todos. Talvez este seja um momento mais que propício para não só nos colocarmos no lugar do próximo “humano”, mas também dos animais. E dos milhões que em todo o mundo foram retirados de seu habitat, colocados em ambientes artificiais e desprovidos de tudo que lhes era normal e importante, apenas para nós humanos podermos apreciá-los no momento que “quiséssemos” (e para alguns, faturar). Estamos nessa pandemia há pouco mais de quatro meses e já sentimos as consequências... emocionais e físicas do confinamento... Nossa saúde e nosso ânimo deterioraram... Sabemos bem quanto deixamos de viver nesse período mesmo sabendo que o fizemos por um bem maior... pela saúde de todos... E, mais uma vez, lembrando, por apenas pouco mais de quatro meses... Ou seja, como nunca, talvez consigamos sentir no coração, nem que seja por um segundo, o que representam estes CINQUENTA ANOS!
Segue tradução da legenda (caso não esteja visualizando o vídeo, clique no seguinte link - https://youtu.be/KuoA2WvYZ7I ):
"Em 8 de agosto de 1970...
Uma família de Orcas brincava nas águas do estado de Washington, nos Estados Unidos, até que foram perseguidas até uma enseada. Seus captores as encurralaram usando explosivos ensurdecedores. Os filhotes foram separados das mães, capturados por redes e retirados do oceano. Um deles, fêmea, foi levado para o Miami Seaquarium, na Flórida. Eles a chamaram de Lolita. Ela acabou virando colega de tanque da Orca Hugo, que havia sido capturado na mesma região dois anos antes. Ambos se apresentaram juntos por alguns anos neste pequeno tanque. O Hugo se machucava repetidamente batendo a cabeça nas bordas do tanque. No dia 4 de março de 1980, ele morreu de aneurisma cerebral durante uma dessas ocorrências. Seu corpo foi jogado numa aterro. A Lolita nunca mais viu outra Orca. Ela circula seu tanque desde então, privada das conexões sociais tão comuns de sua espécie. Sua vida se resume a desempenhar truques para o público dia após dia. Depois dos “shows”, ela apenas boia impossibilitada de fazer qualquer outra coisa que não seja rodear as paredes do tanque.
A Lolita está completando 50 anos de cativeiro. Os chamados de sua família e as sensações do oceano não passam de uma lembrança remota. Sua existência no Miami Seaquarium é vazia e distante da verdadeira majestade e da beleza que uma Orca possui. É dessa forma que ela e outras Orcas deveriam viver?
A Lolita também é conhecida por Tokitae, que significa “belo dia, lindas cores” na costa noroeste do Pacífico.
É hora de ela viver a visão de seu nome. É hora de ela descansar num santuário.”
P.S.: Há exatos oito anos, quando fiz uma publicação sobre a Lolita, compartilhei um vídeo emocionante que mostra Lolita reagindo aos sons de vocalização de membros de seu pod. Mesmo após 42 anos de cativeiro (à época), ela demonstra se recordar. É arrepiante! Assista no link abaixo:
Notícia surpreendente e triste para este começo de mês. Surpreendente pelo raríssimo fato tanto de uma Orca (filhote e aparentemente sozinha) estar na região quanto pelo encalhe em si, que também não é comum nessas condições. Com aflição, acompanhei a situação desde a divulgação de ontem e hoje divido os detalhes por aqui, através do comunicado do IMA (Instituto Mamíferos Aquáticos), cuja equipe atuou na tentativa de desencalhe e salvamento, mesmo que sem sucesso, da pequena Orca.
Segue:
“Na tarde de ontem (01/08), um cetáceo da espécie orca (Orcinus orca) encalhou na Praia de Guarajuba, município de Camaçari. Após tentativas de devolução pro mar e re-encalhe ainda mais desgastada, o Instituto Mamiferos Aquáticos e o Projeto Baleia Jubarte foram acionados e realizaram o atendimento em parceria, mobilizando equipes de veterinários e biólogos para o local.
Tratava-se de uma fêmea juvenil, medindo 3,7m, severamente debilitada, pouco responsiva e em estado nutricional ruim, expelindo odor pútrido na expiração e episódios de vômito, indicando um indivíduo com quadro patológico e sem condições de sobrevivência no ambiente natural sem o devido tratamento. Os veterinários decidiram então remover o animal da praia para uma piscina, por conta das condições ruins do mar, para que o mesmo recebesse suporte médico e realização de exames para diagnóstico e posterior soltura.
Com o apoio do Instituto do Meio Ambiente (INEMA-BA) e da Secretaria do Meio Ambiente de Camaçari, todo maquinário foi disponibilizado para o procedimento. Infelizmente a complexa operação de remoção foi impossibilitada pela condição geográfica do local de encalhe e a subida da maré, sendo cancelada. A orca foi medicada no local, recebeu fluidos, e passou a madrugada sendo monitorada, foi arrastada pela maré sem tentativa de reação, rolando diversas vezes sobre o próprio eixo, até o re-encalhe na manhã de hoje (02/08), possibilitando acesso da equipe para re-avaliação.
Os veterinários concluíram que o animal já estava em sofrimento prolongado, além de detectarem luxação de nadadeira peitoral, inviabilizando uma soltura e piorando o prognóstico.
Diante da situação, entendemos que, apesar da equipe não ter medido esforços para a recuperação desse indivíduo, alcançar o sucesso da operação se tornou uma questão de ego e resposta ao público, que colocava de lado o bem-estar animal. Foi tomada a difícil decisão, pelo bem do animal, de abreviar o seu sofrimento, optando pela eutanasia humanitária, que foi realizada de forma ética e indolor, através da administração endovenosa de anestésicos.
A carcaça será removida do local para realização de necropsia investigativa, visando identificar a causa do encalhe e contribuir para a conservação da espécie, que mantém o seu status de conservação em "Dados Insuficientes".
Agradecemos a todos os parceiros que realizaram um excelente e incansável trabalho em equipe durante esses dois dias e nos possibilitaram muito aprendizado e crescimento juntos. Apesar do desfecho, consideramos toda a operação um grande sucesso de integração institucional para um bem maior que deve ser preservado para situações futuras.
Equipe IMA.”
Sobre o possível motivo da Orca estar nesta região, a equipe do Projeto Baleia Jubarte comentou ainda: "No ano passado, no Sul da Bahia, pescadores fizeram outro registro de orcas, em comportamento de ataque a baleias-jubarte. É possível que elas frequentem a região para tentar predar sobre os filhotes recém-nascidos de jubartes."
E, de fato, acredito que seja possível que a população de Orcas visitando nossas águas possa aumentar justamente pela reprodução das Jubartes estarem em plena ascensão no Brasil.
Aguardemos o resultado na necrópsia para sabermos mais sobre esta pequena e seu estado de saúde. Qualquer novidade, compartilho por aqui.
Há exatos dois anos e um dia, noticiava por aqui o início do martírio (que ocorria há apenas quatro dias na data) da Orca J35, hoje muito bem conhecida também pelo nome, Tahlequah. Seu comportamento de carregar o filhote morto por 17 dias impressionou o mundo e deixou claro às pessoas quão sociais são as Orcas.
A boa notícia é que ele está à espera de um novo filhote!
Fotos captadas por pesquisadores do Center for Whale Research mostram a transformação do corpo da Tahlequah entre setembro de 2019 e julho de 2020, o que indicaria a gestação e, mais, que estaria próxima de dar à luz. Eles acreditam que outras Orcas também estejam prenhas, mas divulgaram apenas sobre a J35 por conta da impressionante perda e do luto de dois anos atrás. A informação serve como apelo também para que as embarcações mantenham a distância e evitem ao máximo qualquer tipo de perturbação às fêmeas.
Como já divulgado amplamente por aqui, esta população de Orcas, as famosas Residentes do Sul (compostas pelos pods J, K e L), estão ameaçadas de extinção por conta da escassez de alimentos (uma espécie específica de salmão), poluição física e sonora, dentre outros fatores. Atualmente contam com 73 membros e filhotes são mais que bem vindos. Lembrando que a gestação de uma Orcas dura de 17 a 18 meses.
Uma Orca morta foi encontrada em um pântano na baía de The Wash, na Inglaterra, há poucos dias. Os ingleses não registravam um encalhe de Orca desde 2001.
Acredita-se a jovem Orca, medindo 4,5 metros de comprimento, tenha morrido há semanas e, uma análise inicial, mostrou que, apesar de não ter sido esta isoladamente a causa de sua morte, havia um grande pedaço de plástico em seu estômago.
A causa da morte e o motivo de ter sido encontrada em meio ao pântano, afastada do mar, ainda são desconhecidos. Especialistas da Sociedade Zoológica de Londres (ZSL) estão investigando e tentando entender o encalhe dado ser tão incomum.
Rob Deaville e Matt Perkins, da ZSL, coletaram amostras de gordura, do fígado, de músculos e dos rins para investigarem melhor a vida e a morte do animal. Rob disse em entrevista que “Este tipo de encalhe não costuma acontecer na Inglaterra e no País de Gales. O último que registramos foi em 2001, no estuário de Mersey”.
A carcaça não tinha sido movida e estava praticamente intacta internamente, apesar de seu avançado estado de decomposição. Sabe-se que era uma Orca jovem pelo tamanho, mas a idade exata é desconhecida. Uma análise de sua arcada dentária poderá indicar a idade aproximada.
A análise do estômago mostrou que ela não havia comido recentemente.
A Orca é uma das mais importantes espécies pesquisadas pela ZSL por absorver concentrações significativas de poluentes marinhos. “Por serem grandes predadoras e estarem no topo da cadeia alimentar, elas absorvem uma quantidade enorme de poluentes marinhos, principalmente PCBs”, disse Rob Deaville. “Mesmo estando neste estado de decomposição, ela poderá nos dizer muito sobre a população lá fora, por isso coletamos uma série de amostras para acompanhamento bacteriológico e histopatológico, além de amostras para fazermos as análises de poluentes, bem como estudos sobre sua dieta, histórico de vida, idade e análise genética para identificarmos a qual população pertencia”.
Qualquer novidade publicada sobre as análises nas próximas semanas, compartilharemos por aqui ou em nossas redes sociais.