quarta-feira, 31 de março de 2021
Famosa Orca Transeunte é observada no Canadá
quinta-feira, 18 de março de 2021
Novo estudo revela quão importante é a alimentação adequada na sobrevivência das Residentes
Estudo afirma que se houvesse maior quantidade de salmão da espécie chinook nas águas do Pacífico durante o inverno, as chances de sobrevivência das Orcas Residentes do Sul (ameaçadas de extinção) seriam muito maiores.
O fato de elas terem que ampliar o cardápio entre outubro e março anualmente nas águas da Califórnia se estendendo até o Alasca, as deixa com pouca energia, afirma o estudo publicado no início do mês pela revista científica Plos One.
Brad Hanson, Biólogo da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, disse que este é o primeiro estudo que analisa as necessidades alimentares das Orcas pela perspectiva delas próprias. Brad, Robin Baird e outros colegas coletaram e analisaram amostras de presas e fezes tanto de Orcas Residentes do Sul quanto do Norte desde 2004 e descobriram que o salmão chinook constitui quase toda a dieta delas durante a primavera, mas caindo para cerca de 70% no meio do inverno, e para apenas 50% durante o outono. Nesses períodos, identificaram que a alimentação foi complementada com salmão-prateado e salmão-keta, além de com outros peixes, incluindo o bacalhau-búfalo, o halibute e o linguado, que habitam regiões mais profundas do oceano.
Como se sabe, e já mencionado diversas vezes por aqui, elas dão preferência ao chinook por serem maiores, mais ricos em energia e fáceis de serem capturados. “Orcas se tornaram especialistas em chinooks provavelmente ao longo de dezenas de milhares de anos por causa da grande disponibilidade da espécie, mas agora acabam tendo que gastar muito mais energia para capturar peixes que as alimentam menos”, afirmou Robin Baird que também é Biólogo e pesquisador do Cascadia Research Collective de Washington.
Foto: Residentes do Sul por Ian McAllister (Pacific Wild) |
O estudo então concluiu que as Orcas não têm energia suficiente para armazenar a gordura que as ajuda na manutenção da temperatura corporal em águas frias. Isso as enfraquece e as tornam não só incapazes de se reproduzirem como, quando conseguem, têm grande dificuldade de amamentar os filhotes. Como amplamente conhecido, as populações de chinook caíram drasticamente nos últimos cem anos devido a ação humana, incluindo a agricultura, a construção de barragens, a atividade industrial e a destruição de estuários. Todas as 14 populações de salmão chinook preferidas pelas Orcas estão ameaçadas. Esses peixes entravam e saíam das águas costeiras em diferentes épocas do ano e garantiam um suprimento constante de alimento. “Supondo que houvesse um rio com 100 milhões de chinooks que voltassem todos na mesma época do ano”, disse Robin, “não seria tão benéfico quanto ter cem rios, cada um com um milhão de chinooks e estes voltassem em diferentes épocas do ano.”
Uma forma de garantir o constante suprimento de chinooks para as Orcas seria que a pesca fosse na foz dos rios depois das áreas onde elas se alimentam. “Infelizmente, não existe uma solução simples.” “A sobrepesca e a degradação em grande escala do habitat de desova e criação são algumas das maiores ameaças ao salmão chinook e, por extensão, às Residentes do Sul”.
As Orcas são predadores de topo, e, por conseguinte, indicadoras importantes do ecossistema. A redução em sua população evidencia um ambiente degradado que afeta a todos. “As Orcas são mensageiras importantes, a grande questão é se estamos as ouvindo ou não.”
sábado, 13 de março de 2021
Equipe de pesquisa sul africana inicia estudos sobre Orcas
Os sons de uma Orca "tagarela" foram gravados na África do Sul pela primeira vez, perto de Fish Hoek, na Baía Falsa, no final de janeiro. Os sons foram captados pelos pesquisadores Tess Gridley e Simon Elwen do Sea Search, uma organização sem fins lucrativos com sede em Muizenberg, que se concentra na pesquisa e conservação de mamíferos marinhos ao longo das costas da África do Sul e da Namíbia.
“Temos um grupo atento de avistamentos que é formado por observadores e operadores de passeios de observação de baleias e logo pela manhã nos informaram sobre a presença das Orcas”, disse Simon.
A Sea Search tem coordenado pesquisas acústicas e de biópsia em Orcas há dois anos em parceria com a Universidade de Pretória e a Universidade de Durham, no Reino Unido. Os sons captados foram de um macho adulto que já foi observado antes de passagem, mas nesta ocasião estava no local há mais tempo, provavelmente se alimentando (de arraias ou peixes, ainda não sabem afirmar).
“Acreditamos que este seja o primeiro registro/documentação de vocalizações de Orcas em águas sul-africanas. Sabemos que Orcas possuem dialetos complexos com grande repertório e tipos de sons e chamadas”, disse a pesquisadora Tess Gridley. O áudio também é importante para identificar diferentes ecótipos de Orcas e iniciar uma classificação dos animais na região.
Como as pesquisas estão bem no início estão ansiosos para obterem mais dados e já planejam coletar amostras de pele para análise genética e possivelmente se utilizarem de tags de monitoramento via satélite para acompanhamento da movimentação das Orcas.
Através da análise da pele é possível identificar sexo, parentesco, isolamento, história evolutiva e estrutura populacional. Eles também podem usar os isótopos estáveis de elementos da pele para avaliar a alimentação desde tubarões a sardinhas.
Toda essa movimentação de Orcas na região tem deixado os pesquisadores muito interessados, isso porque, até alguns anos atrás, elas eram raras na África do Sul, ainda mais na Cidade do Cabo. Mas em 2015, vários tubarões da espécie cação-bruxa foram encontrados mortos por mergulhadores num local famoso para esta atividade na área marinha protegida do Parque Nacional da Montanha da Mesa (Table Mountain). As mortes desses cações também coincidiram com um declínio dramático nos avistamentos de grandes tubarões brancos na Baía Falsa. Acredita-se que são as Orcas que estão por trás disso tudo, em especial uma dupla já muito famosa entre os pesquisadores do mundo todo. A dupla de “rapazes” Port e Starboard, facilmente identificáveis por possuírem a nadadeira dorsal tombada. Uma para a direita e outra para a esquerda, motivo dos nomes que, em Português, significam “Bombordo e Estibordo” (fazendo referência aos termos náuticos “Bombordo” à esquerda da embarcação e “Estibordo” à direita da embarcação). Só da presença deles em águas sul-africanas já há mais de 40 registros.
Outros grupos de Orcas são conhecidos por percorrerem grandes distâncias da Cidade do Cabo à Baía de Mossel, indo até Port Elizabeth.
“Nos últimos cinco anos, elas têm sido muito observadas, em especial, na Baía Falsa. Parte disso é porque tem muitos moradores próximos à costa e isso aumenta as oportunidades de observação. Mas essa subida e descida da quantidade de Orcas também pode estar associado a tendências ambientais mais amplas como as mudanças ambientais”.
Todas essas questões demonstram quão importante é o trabalho de estudo que está sendo iniciado pela Sea Search na África do Sul. Ele certamente trará muitas respostas.
P. S. : Em maio de 2017, eu já havia postado no Blog os casos de mortes de tubarões por Orcas na África do Sul e o curioso método de retirada “cirúrgica” do fígado desses animais. Acesse a postagem através do link:
http://v-pod-orcas.blogspot.com/2017/05/orcas-passaram-cacar-tubaroes-brancos.html
terça-feira, 9 de março de 2021
Jubarte juvenil escapa de ataque de Orcas na Austrália
Uma jubarte juvenil, teoricamente “adiantada” na migração, foi alvo de uma implacável caçada por parte de pods de Orcas na Austrália no mês passado.
Chamando a atenção de pesquisadores por conta da época do ano, o animal foi observado por uma embarcação de turismo a 70 km da costa da Baía de Bremer, na costa sul da Austrália. O avistamento foi uma surpresa bem-vinda para os turistas a bordo, mas aumentou a preocupação dos cientistas que temem que a escassez de alimentos na Antártica possa empurrar os mamíferos para o norte mais cedo. Foi a primeira vez que uma jubarte foi registrada neste local abundante em vida marinha que costuma atrair Orcas, baleias-piloto, lulas gigantes e aves marinhas no verão.
A Bióloga marinha Brodee Elsdon, que trabalha a bordo do Naturalise Charters, disse que cerca de 45 mil jubartes migram passando pela costa oeste autraliana no inverno, mas este jovem macho estava quase dois meses adiantado. “Normalmente não as vemos atingindo a costa sul ou sudoeste até abril, a maioria chega só em junho e julho", disse ela. “Vê-lo em meados de fevereiro é bastante alarmante.” Segundo pesquisadores, as mudanças climáticas parecem estar empurrando-as para o norte mais cedo. “Alterações no padrão de tempo de migração era mais lento antigamente, mas nos últimos 20 anos iniciou-se uma mudança mais acelerada, ou seja, estão migrando para o norte cada vez mais cedo”, acrescentou ela. O aumento do degelo antártico diminui algas e krill, principal fonte de alimento das jubartes.
Imagem: Machi Yoshida |
Foto: Wild Wing Images |
Esta única chegada antecipada poderia até não significar muita coisa, mas o que preocupou é que ela estava com a saúde debilitada. De qualquer forma, teve habilidade de escapar do ataque, inclusive tendo a astúcia de se utilizar da proteção da própria embarcação para tentar se defender.